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Receita bate recorde com lucro maior das empresas
Arrecadação federal tem aumentos de 10,16% no trimestre e de 11,78% em março
Em março venceu o prazo para que as empresas e os bancos fizessem a declaração de ajuste dos lucros obtidos em 2006
CLÁUDIA DIANNI
BRASÍLIA
O aumento do lucro das empresas brasileiras, inclusive do
setor financeiro, foi a principal
razão para o crescimento de
10,16%, descontada a inflação,
da arrecadação de tributos federais no primeiro trimestre,
segundo avaliação da Receita
Federal.
De janeiro a março, os brasileiros pagaram R$ 102,7 bilhões
em tributos -valor recorde para o período. Também em março a arrecadação de R$ 33,6 bilhões foi recorde, com aumento
real de 11,78% em relação ao
mesmo mês de 2006.
Em março venceu o prazo
para que as empresas e os bancos fizessem a declaração de
ajuste referente aos lucros de
2006. "Isso indica ganhos
maiores do que o declarado no
fim do ano, quando as empresas antecipam seus balanços
para fazer a declaração", disse
Carlos Alberto Barreto, secretário-adjunto da Receita.
A receita obtida com a declaração de ajuste somou R$ 3,45
bilhões em março. No ano passado, no mesmo período, a Receita recebeu R$ 2,35 bilhões.
Outra razão para a alta da arrecadação foi o aumento de ganhos líquidos de pessoas físicas
em operações na Bolsa de Valores, cujo pagamento de impostos somou R$ 42 milhões em
março. Além disso, houve a arrecadação atípica de IR das pessoas físicas relativa a depósitos
judiciais em março, no valor total de R$ 75 milhões.
Mesmo com as desonerações
de impostos concedidas pelo
governo federal em 2006, que
somaram R$ 9 bilhões, a arrecadação bateu recordes em todo o ano passado e continua no
mesmo rumo neste ano, quando a desoneração prevista no
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) soma R$ 6 bilhões, incluindo a redução de
impostos da Lei Geral da Micro
e Pequena Empresa.
Na avaliação de Barreto, o
aumento declarado dos ganhos
revelado pela declaração de
ajuste das empresas mostra o
desempenho positivo da economia. Segundo ele, um exemplo disso é o crescimento de
23,1% na arrecadação do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) de automóveis
em março.
Mais importados
A arrecadação do Imposto de
Importação não é expressiva
(apenas 2,66% do total), mas é
um indicativo da demanda dos
brasileiros por produtos importados, resultado da desvalorização do dólar. Em março, a
arrecadação desse imposto teve crescimento de 26%.
"A arrecadação dos impostos
que são indicadores de demanda, como o Imposto de Importação, e de produção, como o
IPI, está crescendo, o que indica a perspectiva de que a arrecadação federal vá continuar
forte ao longo deste ano, já que
a expectativa é que a economia
cresça mais do que no ano passado", afirma Denis Blum, analista da Tendência Consultoria.
Para ele, a alta da arrecadação leva o governo a ficar em
uma posição mais confortável
no curto prazo, além de poder
decidir se vai priorizar o cumprimento de metas ou elevar os
gastos. No entanto ele afirma
que o problema fiscal do Brasil
ainda não está solucionado.
Isso porque nos países emergentes com classificação de risco, medido pelas agências internacionais, próxima à do Brasil, de cerca de 160 pontos, a dívida bruta é de 49,7% em média, com relação ao PIB (Produto Interno Bruto). No caso do
Brasil, essa relação é de 65,5%,
segundo dados de fevereiro.
Entre os países de economia
emergente, mas que já conseguiram atingir o status "grau de
investimento", a relação média
entre a dívida bruta e o PIB é de
37,3%. "Isso é importante porque o mercado conta com a redução da relação dívida/PIB
para conseguir o grau de investimento", disse Blum.
No entanto as agências consideram mais a dívida bruta e
não a líquida. No Brasil, a dívida
líquida, que considera também
os créditos que o governo tem a
receber, é de 44,7% do PIB.
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