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Juros maiores elevam atratividade de fundos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A consolidação do cenário de
alta para a taxa básica da economia vai ajudar os fundos de
renda fixa e DI, que acompanham os juros, na recuperação
de sua atratividade. O ano passado foi especialmente ruim
para essas categorias, que perderam muitos recursos devido
ao processo de queda dos juros.
Mas analistas não entendem
que uma migração vigorosa de
recursos para esses fundos vá
ocorrer nesse momento, pois
as altas esperadas para a taxa
Selic são graduais, além de a
Bovespa vim demonstrando ter
fôlego para surpreender -ontem a Bolsa subiu 2,45%, o que
representa a rentabilidade esperada para mais de dois meses
na renda fixa.
"Há impacto sim [da alta da
Selic], mas não é muito forte. Se
considerarmos todo o ciclo de
alta esperada [para os próximos meses], os fundos podem
ter um ganho em torno de
0,15% por mês", afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo.
Na opinião de Colombo,
sempre "há um percentual de
investidores mais conservadores que está em ações e multimercados" e que pode acabar
por migrar para aplicações que
acompanham os juros.
Os fundos de renda fixa devem render pouco mais de 12%
no ano -dependendo de quanto a Selic vai subir até dezembro. Se a Selic não voltasse a ser
elevada em 2008, como se projetava no fim do ano passado, a
rentabilidade das aplicações
deveria ser menor.
Em 2007, a categoria pagou
na média 12,3%, sendo o menor
rendimento bruto em mais de
uma década. E o que se viu foram os investidores sacando
suas economias das aplicações.
Nos fundos de renda fixa, a
captação líquida (diferença entre resgates e aplicações) em
2007 ficou negativa em R$ 7,46
bilhões. No DI, a captação foi
negativa em R$ 16,33 bilhões.
A taxa básica Selic -parâmetro para os juros praticados no
mercado- foi elevada ontem
de 11,25% para 11,75%. Segundo
a última pesquisa feita pelo
Banco Central com cem instituições financeiras, a expectativa é que a taxa esteja em
12,75% no fim do ano.
Essa perspectiva de alta já
pôde ser sentida no mercado
nas últimas semanas. Se forem
observados os desempenhos
dos últimos 30 dias, os fundos
de renda fixa atraíram líquidos
R$ 4,01 bilhões, segundo dados
da Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento).
Já os fundos DI captaram R$
2,81 bilhões no período.
Ações menos atraentes
Na outra ponta, os fundos de
ações têm sofrido saques pesadíssimos. Em 30 dias, essas
aplicações tiveram saques líquidos de R$ 15,85 bilhões. Em
2007, a categoria havia captado
R$ 18,29 bilhões, sendo um dos
destaques do mercado de fundos no período.
Álvaro Bandeira, diretor da
corretora Ágora, diz que apenas
a alta da Selic de ontem não deve provocar nenhuma debandada do mercado acionário
pois, de qualquer forma, já era
esperada pelos investidores.
Bandeira diz acreditar que "a
Bolsa terá seu 6º ano seguido de
alta" em 2008.
"Mas a situação atual ainda
não é confortável. Espero que a
economia americana dê sinais
de recuperação no segundo semestre, o que melhoraria as
perspectivas para a Bolsa de
Valores", afirma.
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