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BNDES vai mudar código de ética
Decisão ganha fôlego após saída de alto executivo da instituição para a Vale após concessão de linha de crédito de R$ 7,3 bilhões
Associação de funcionários
quer que regra de quarentena
seja aplicada não só para
diretores como para cargos
vistos como estratégicos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) vai reformular o código de ética dos funcionários.
Segundo o presidente da Associação de Funcionários do
BNDES, Antonio Saraiva, a reivindicação para a atualização
do código fez parte da negociação coletiva do ano passado,
mas ganhou fôlego após o episódio da troca de cadeiras entre
um alto executivo do banco de
fomento e a Vale.
Saraiva afirma que, após uma
reunião nesta semana com o
chefe-de-gabinete da presidência do banco, Paulo Mattos, ficou acertada a criação de um
grupo de trabalho em que os representantes da associação teriam participação efetiva.
"Queremos acompanhar a reformulação do regimento interno e do código de ética."
Segundo o BNDES, o banco
se comprometeu em setembro
do ano passado a atualizar o código em acordo assinado pelas
associações, pelo banco e pelo
sindicato dos bancários.
Uma das principais reivindicações da associação é que o código deixe de forma mais cara a
sua aplicação tanto para os funcionários como para a diretoria
e representantes dos conselhos
fiscal e administrativo. Outro
ponto de destaque para a associação é que a regra de quarentena seja aplicada não só para
diretores como para cargos vistos como estratégicos.
A discussão sobre as normas
para a aplicação da quarentena
veio à tona com a saída de Luciano Siani Pires, ex-secretário-executivo da presidência,
para trabalhar na Vale. De acordo com as regras, apesar de
ocupar um cargo de destaque,
ele não é obrigado a cumprir
um período de quarentena.
Siani Pires enviou uma mensagem eletrônica se despedindo do banco no dia 6. Menos de
uma semana antes, o banco havia divulgado a concessão de linha de crédito de R$ 7,3 bilhões
para a Vale, o maior empréstimo já concedido a uma única
empresa.
O funcionário Maurício Dias
David enviou mensagem por
meio do correio eletrônico do
banco pedindo que a Comissão
de Ética se pronunciasse. A troca de e-mails dividiu os funcionários e alguns se mostraram
favoráveis aos questionamentos de David. O presidente do
BNDES, Luciano Coutinho,
afirmou que Siani Pires não
participou da análise da linha
de crédito da Vale.
"O episódio acelerou as discussões", diz David. O funcionário já recebeu dois memorandos para prestar esclarecimento em processo para apuração de possível transgressão
ética com base na mensagem
enviada por e-mail.
Funcionários ouvidos pela
Folha questionam a redação de
alguns artigos do código, como
o que afirma ser vedado ao funcionário do banco "estabelecer
relações comerciais ou profissionais com empresas que façam parte da carteira de clientes do sistema BNDES". Dado o
número de empresas que se relacionam com o banco, cobram
uma maior clareza sobre a definição de relações comerciais,
por exemplo.
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