São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BNDES vai mudar código de ética

Decisão ganha fôlego após saída de alto executivo da instituição para a Vale após concessão de linha de crédito de R$ 7,3 bilhões

Associação de funcionários quer que regra de quarentena seja aplicada não só para diretores como para cargos vistos como estratégicos


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai reformular o código de ética dos funcionários. Segundo o presidente da Associação de Funcionários do BNDES, Antonio Saraiva, a reivindicação para a atualização do código fez parte da negociação coletiva do ano passado, mas ganhou fôlego após o episódio da troca de cadeiras entre um alto executivo do banco de fomento e a Vale.
Saraiva afirma que, após uma reunião nesta semana com o chefe-de-gabinete da presidência do banco, Paulo Mattos, ficou acertada a criação de um grupo de trabalho em que os representantes da associação teriam participação efetiva. "Queremos acompanhar a reformulação do regimento interno e do código de ética."
Segundo o BNDES, o banco se comprometeu em setembro do ano passado a atualizar o código em acordo assinado pelas associações, pelo banco e pelo sindicato dos bancários.
Uma das principais reivindicações da associação é que o código deixe de forma mais cara a sua aplicação tanto para os funcionários como para a diretoria e representantes dos conselhos fiscal e administrativo. Outro ponto de destaque para a associação é que a regra de quarentena seja aplicada não só para diretores como para cargos vistos como estratégicos.
A discussão sobre as normas para a aplicação da quarentena veio à tona com a saída de Luciano Siani Pires, ex-secretário-executivo da presidência, para trabalhar na Vale. De acordo com as regras, apesar de ocupar um cargo de destaque, ele não é obrigado a cumprir um período de quarentena.
Siani Pires enviou uma mensagem eletrônica se despedindo do banco no dia 6. Menos de uma semana antes, o banco havia divulgado a concessão de linha de crédito de R$ 7,3 bilhões para a Vale, o maior empréstimo já concedido a uma única empresa.
O funcionário Maurício Dias David enviou mensagem por meio do correio eletrônico do banco pedindo que a Comissão de Ética se pronunciasse. A troca de e-mails dividiu os funcionários e alguns se mostraram favoráveis aos questionamentos de David. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que Siani Pires não participou da análise da linha de crédito da Vale.
"O episódio acelerou as discussões", diz David. O funcionário já recebeu dois memorandos para prestar esclarecimento em processo para apuração de possível transgressão ética com base na mensagem enviada por e-mail.
Funcionários ouvidos pela Folha questionam a redação de alguns artigos do código, como o que afirma ser vedado ao funcionário do banco "estabelecer relações comerciais ou profissionais com empresas que façam parte da carteira de clientes do sistema BNDES". Dado o número de empresas que se relacionam com o banco, cobram uma maior clareza sobre a definição de relações comerciais, por exemplo.


Texto Anterior: Movimento já afeta montadora na Argentina
Próximo Texto: NY alivia crise com turista estrangeiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.