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NY alivia crise com turista estrangeiro
Cidade recebe 1 milhão de visitantes a mais no 1º trimestre em comparação com os últimos três meses do ano passado
Dólar fraco colabora para que turista vá aos melhores restaurantes, hospede-se em hotéis caros e lote os teatros da Broadway
PATRICK McGEEHAN
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA YORK
Nova York começa a sentir o
efeito da desaceleração econômica que vem afetando boa
parte do país. Mas a cidade dispõe de um contrapeso para a
recessão de que poucas outras
cidades norte-americanas
compartilham: uma maré cada
vez mais alta de visitantes estrangeiros dispostos a gastar.
Depois de um ano recorde
para o turismo e as viagens de
negócios, em 2007, o fluxo de
visitantes continua em alta
neste ano, dizem funcionários
municipais. Nos três primeiros
meses de 2008, o número de visitantes à cidade foi superior
em 1 milhão ao total do primeiro trimestre do ano anterior, de
acordo com estimativa preliminar na NYC & Company, a empresa municipal de marketing.
Os turistas estrangeiros lotam as mesas dos mais dispendiosos restaurantes da cidade.
Danny Meyer, dono de diversos
restaurantes de luxo em Manhattan, disse que ele acrescentou o preço das garrafas em
euros à carta de vinhos do Modern, o restaurante do MoMA
(Museu de Arte Moderna), a
fim de demonstrar aos turistas
os preços atraentes do produto.
"Vendemos mais vinhos desde
então", disse Meyer.
Os teatros da Broadway estão
lotados, mesmo com ingressos
superiores a US$ 75, e os hotéis
da cidade continuam quase lotados mesmo que as diárias estejam próximas de seu recorde.
Um dos principais atrativos é
um dólar tão fraco, diante do
euro e de outras moedas, que
quase tudo em Nova York parece estar em liquidação. A NYC
& Company estima que os visitantes estrangeiros tenham
gasto cerca de US$ 560 milhões
a mais no primeiro trimestre de
2008 do que em igual período
em 2007, elevação de 7%.
Embora o número de turistas
internacionais que chegaram
aos EUA em 2007 ainda tenha
sido inferior em 2 milhões ao
total de 2000 -ano anterior
aos ataques do 11 de Setembro-, Nova York contrariou a
tendência. Foi a única das dez
cidades turísticas mais procuradas dos EUA a atrair mais estrangeiros em 2006 do que em
2000, segundo o Departamento do Comércio americano.
Los Angeles, Miami e Chicago registraram cada qual queda
de mais de 950 mil turistas estrangeiros no período. A Associação da Indústria de Viagens,
em Washington, estima que o
declínio no número de turistas
estrangeiros posterior ao 11 de
Setembro tenha custado US$
100 bilhões em faturamento
perdido e quase 200 mil empregos aos EUA.
Do mundo inteiro
Mike Stengel, que supervisiona os cinco hotéis Marriott
instalados em Nova York, disse
que os hóspedes continuavam
chegando do mundo inteiro,
atraídos pelo dólar fraco e pela
imagem de Nova York no exterior. Neste ano, o número de
pernoites de estrangeiros nos
cinco Marriotts da cidade já supera em 10 mil o registrado nos
primeiros três meses e meio de
2007, segundo Stengel. No geral, ele diz, os negócios do Marriott em Nova York cresceram
6% ante o ano passado, diz.
Os gastos dos europeus e outros visitantes estrangeiros já
vinham desempenhando papel
importante no boom econômico da cidade desde 2003. Incorporadores e corretores de imóveis atribuem aos compradores
estrangeiros de apartamentos
o fato de que os preços tenham
continuado altos no imensamente forte mercado da habitação que a cidade ainda exibe.
Na Broadway, o número de
espectadores e a receita caíram
apenas um pouco em comparação com o ano passado. Alguns
espetáculos, como "Wicked" e
"Jersey Boys", continuam lotados, com preços médios superiores a US$ 100 por ingresso.
Enquanto os visitantes estrangeiros continuam a gastar
vigorosamente, os visitantes
norte-americanos, especialmente os que são enviados à cidade por seus empregadores,
tornaram-se mais frugais, disse
George Fertitta, presidente da
NYC & Company.
Executivos do setor de turismo, disse ele, perceberam que
os americanos têm gastado menos em comida e bebida.
"Todo mundo foi instruído a
manter as despesas baixas",
disse Fertitta. "Quando antes
um grupo gastaria US$ 300 em
alguma coisa, agora gasta US$
150. Esperamos que os visitantes internacionais compensem
boa parte dessa queda."
Para os restaurantes de preço
médio da cidade, o declínio é
perceptível, disse Malcolm
Knapp, consultor do setor de
alimentação. O número de fregueses de cadeias como a Applebee's e a Outback na área
metropolitana de Nova York
caiu 3,4% em fevereiro.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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