São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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NY alivia crise com turista estrangeiro

Cidade recebe 1 milhão de visitantes a mais no 1º trimestre em comparação com os últimos três meses do ano passado

Dólar fraco colabora para que turista vá aos melhores restaurantes, hospede-se em hotéis caros e lote os teatros da Broadway


PATRICK McGEEHAN
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA YORK

Nova York começa a sentir o efeito da desaceleração econômica que vem afetando boa parte do país. Mas a cidade dispõe de um contrapeso para a recessão de que poucas outras cidades norte-americanas compartilham: uma maré cada vez mais alta de visitantes estrangeiros dispostos a gastar.
Depois de um ano recorde para o turismo e as viagens de negócios, em 2007, o fluxo de visitantes continua em alta neste ano, dizem funcionários municipais. Nos três primeiros meses de 2008, o número de visitantes à cidade foi superior em 1 milhão ao total do primeiro trimestre do ano anterior, de acordo com estimativa preliminar na NYC & Company, a empresa municipal de marketing. Os turistas estrangeiros lotam as mesas dos mais dispendiosos restaurantes da cidade. Danny Meyer, dono de diversos restaurantes de luxo em Manhattan, disse que ele acrescentou o preço das garrafas em euros à carta de vinhos do Modern, o restaurante do MoMA (Museu de Arte Moderna), a fim de demonstrar aos turistas os preços atraentes do produto.
"Vendemos mais vinhos desde então", disse Meyer. Os teatros da Broadway estão lotados, mesmo com ingressos superiores a US$ 75, e os hotéis da cidade continuam quase lotados mesmo que as diárias estejam próximas de seu recorde.
Um dos principais atrativos é um dólar tão fraco, diante do euro e de outras moedas, que quase tudo em Nova York parece estar em liquidação. A NYC & Company estima que os visitantes estrangeiros tenham gasto cerca de US$ 560 milhões a mais no primeiro trimestre de 2008 do que em igual período em 2007, elevação de 7%.
Embora o número de turistas internacionais que chegaram aos EUA em 2007 ainda tenha sido inferior em 2 milhões ao total de 2000 -ano anterior aos ataques do 11 de Setembro-, Nova York contrariou a tendência. Foi a única das dez cidades turísticas mais procuradas dos EUA a atrair mais estrangeiros em 2006 do que em 2000, segundo o Departamento do Comércio americano.
Los Angeles, Miami e Chicago registraram cada qual queda de mais de 950 mil turistas estrangeiros no período. A Associação da Indústria de Viagens, em Washington, estima que o declínio no número de turistas estrangeiros posterior ao 11 de Setembro tenha custado US$ 100 bilhões em faturamento perdido e quase 200 mil empregos aos EUA.

Do mundo inteiro
Mike Stengel, que supervisiona os cinco hotéis Marriott instalados em Nova York, disse que os hóspedes continuavam chegando do mundo inteiro, atraídos pelo dólar fraco e pela imagem de Nova York no exterior. Neste ano, o número de pernoites de estrangeiros nos cinco Marriotts da cidade já supera em 10 mil o registrado nos primeiros três meses e meio de 2007, segundo Stengel. No geral, ele diz, os negócios do Marriott em Nova York cresceram 6% ante o ano passado, diz.
Os gastos dos europeus e outros visitantes estrangeiros já vinham desempenhando papel importante no boom econômico da cidade desde 2003. Incorporadores e corretores de imóveis atribuem aos compradores estrangeiros de apartamentos o fato de que os preços tenham continuado altos no imensamente forte mercado da habitação que a cidade ainda exibe.
Na Broadway, o número de espectadores e a receita caíram apenas um pouco em comparação com o ano passado. Alguns espetáculos, como "Wicked" e "Jersey Boys", continuam lotados, com preços médios superiores a US$ 100 por ingresso. Enquanto os visitantes estrangeiros continuam a gastar vigorosamente, os visitantes norte-americanos, especialmente os que são enviados à cidade por seus empregadores, tornaram-se mais frugais, disse George Fertitta, presidente da NYC & Company.
Executivos do setor de turismo, disse ele, perceberam que os americanos têm gastado menos em comida e bebida. "Todo mundo foi instruído a manter as despesas baixas", disse Fertitta. "Quando antes um grupo gastaria US$ 300 em alguma coisa, agora gasta US$ 150. Esperamos que os visitantes internacionais compensem boa parte dessa queda."
Para os restaurantes de preço médio da cidade, o declínio é perceptível, disse Malcolm Knapp, consultor do setor de alimentação. O número de fregueses de cadeias como a Applebee's e a Outback na área metropolitana de Nova York caiu 3,4% em fevereiro.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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