São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Agência diz que chance de calote do Brasil é menor

Standard & Poor's melhora a classificação de risco do país; Meirelles comemora

Agência cita como ponto forte do Brasil o consistente ambiente macroeconômico; na semana passada, Fitch já havia elevado a nota do país

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Depois da Fitch Ratings, na semana passada, ontem foi a vez da agência Standard & Poor's melhorar a classificação de risco do Brasil. A sua nota para a dívida do país feita em moeda estrangeira passou de BB para BB+, o que significa que a agência vê chance menor de o Brasil dar calote. Para a dívida adquirida em reais, a elevação foi de dois degraus, de BB+ para BBB, já no nível de "grau de investimento".
"O "upgrade" reflete o contínuo declínio das vulnerabilidades fiscal e externa e a expectativa de que a administração do presidente Lula continue comprometida a seguir reduzindo essas vulnerabilidades no seu segundo mandato", justificou a Standard & Poor's em comunicado. A agência citou ainda como ponto forte do Brasil o "consistente ambiente macroeconômico" -incluindo aí o regime de metas de inflação e o câmbio flutuante.

"Conquista histórica"
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, comemorou a notícia. Por meio de sua assessoria, chamou de "conquista histórica" a classificação de "grau de investimento" dada pela agência à dívida interna do governo e disse que isso foi possível devido a fatores como o "sucesso da política monetária". Além disso, Meirelles afirmou que "a elevação da nota da dívida externa reflete a melhoria dos fundamentos externos e, em particular, o acerto da política de acumulação de reservas internacionais" -referência às compras de dólares que o BC tem feito.
A elevação da nota brasileira era amplamente esperada. "Surpresa seria se ela não acontecesse neste ano", diz Marcela Meirelles, analista para a América Latina da administradora de recursos americana TCW.
Como a percepção a respeito do seu risco é menor, os países que possuem o "grau de investimento" em moeda estrangeira -um tipo de selo de qualidade concedido pelas agências aos que são bons pagadores de suas obrigações- conseguem financiamento mais fácil e com juros mais baixos no exterior.
Mas, para o Brasil, essa classificação não deve sair antes do segundo semestre de 2008, dizem especialistas. E o principal motivo é que o Brasil ainda tem uma dívida pública muito elevada e os gastos do governo são altos demais -deficiências também apontadas pela Standard & Poor's no seu relatório. "São importantes barreiras ao crescimento e ao desenvolvimento do país", diz Marcela.


Texto Anterior: "Dólar não está afundando", diz Mantega
Próximo Texto: Patrimônio de fundos soma R$ 1 trilhão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.