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Pacote chinês barra compra de produtos estrangeiros
Gasto do governo no plano de estímulo à economia será direcionado a bens nacionais
Medida é semelhante à
adotada pelo governo dos
EUA no início do ano para seu
pacote anticrise e que havia
gerado protestos de chineses
DO "FINANCIAL TIMES"
O governo da China introduziu uma clara política "Buy Chinese" (compre chinês) no seu
plano de estímulo econômico,
uma medida que deve aumentar as tensões com seus parceiros comerciais e elevar as chances de novas medidas protecionistas em todo o mundo.
Em um decreto anunciado
por nove órgãos estatais, Pequim afirmou que as compras
do governo relacionadas com o
plano só devem usar bens ou
serviços chineses, salvo se esses
produtos não puderem ser encontrados no país ou adquiridos em condições comerciais
ou legais razoáveis.
O governo chinês disse ainda
que lançou investigação sobre
as reclamações das associações
da indústria do país, que acusam governos locais de favorecerem fornecedores estrangeiros nas aquisições relacionadas
com o pacote de estímulo econômico de US$ 585 bilhões.
"A partir da perspectiva da
política local, isso faz algum
sentido porque os governos locais realmente tendem a favorecer produtos estrangeiros em
algumas categorias", afirmou
Dong Tao, economista-chefe
do Credit Suisse na China.
"Mas, dada a importância do livre comércio para a economia
da China, essa não é a mensagem correta que eles deveriam
enviar para o resto do mundo
neste momento."
Há apenas alguns meses, Pequim reclamou da cláusula
"Buy American" incluída no
pacote anticrise de US$ 787 bilhões do governo dos EUA. Na
época, a onda de protestos de
vários governos (entre eles, o
brasileiro) fez o governo dos
Estados Unidos amenizar a
norma, que exige que o ferro, o
aço e os produtos manufaturados das obras do pacote sejam
americanos.
"Alguns países criaram cláusulas que priorizam a compra
de produtos de seus próprios
países", afirmou em fevereiro o
porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Yao Jian. "Nós
manifestamos profunda preocupação quanto a essas medidas. Com a atual crise financeira, medidas lançadas por todos
os países não deveriam causar
impactos negativos e passar
mensagens erradas."
A maioria dos economistas
concorda que a economia chinesa está começando a se recuperar devido ao agressivo pacote de estímulo do governo, mas
o desemprego continua a ser
um problemas e há temores de
que demissões em massa possam levar a graves manifestações sociais.
"O mundo todo está torcendo para que a China espalhe pedidos e salve as economias desses países", afirmou Tao. "Mas
o que essa política passa é um
aumento da ansiedade em relação às pressões sobre os postos
de trabalho e a possibilidade de
intranquilidade social."
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