São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 2009

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Pacote chinês barra compra de produtos estrangeiros

Gasto do governo no plano de estímulo à economia será direcionado a bens nacionais

Medida é semelhante à adotada pelo governo dos EUA no início do ano para seu pacote anticrise e que havia gerado protestos de chineses

DO "FINANCIAL TIMES"

O governo da China introduziu uma clara política "Buy Chinese" (compre chinês) no seu plano de estímulo econômico, uma medida que deve aumentar as tensões com seus parceiros comerciais e elevar as chances de novas medidas protecionistas em todo o mundo.
Em um decreto anunciado por nove órgãos estatais, Pequim afirmou que as compras do governo relacionadas com o plano só devem usar bens ou serviços chineses, salvo se esses produtos não puderem ser encontrados no país ou adquiridos em condições comerciais ou legais razoáveis.
O governo chinês disse ainda que lançou investigação sobre as reclamações das associações da indústria do país, que acusam governos locais de favorecerem fornecedores estrangeiros nas aquisições relacionadas com o pacote de estímulo econômico de US$ 585 bilhões.
"A partir da perspectiva da política local, isso faz algum sentido porque os governos locais realmente tendem a favorecer produtos estrangeiros em algumas categorias", afirmou Dong Tao, economista-chefe do Credit Suisse na China. "Mas, dada a importância do livre comércio para a economia da China, essa não é a mensagem correta que eles deveriam enviar para o resto do mundo neste momento."
Há apenas alguns meses, Pequim reclamou da cláusula "Buy American" incluída no pacote anticrise de US$ 787 bilhões do governo dos EUA. Na época, a onda de protestos de vários governos (entre eles, o brasileiro) fez o governo dos Estados Unidos amenizar a norma, que exige que o ferro, o aço e os produtos manufaturados das obras do pacote sejam americanos.
"Alguns países criaram cláusulas que priorizam a compra de produtos de seus próprios países", afirmou em fevereiro o porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Yao Jian. "Nós manifestamos profunda preocupação quanto a essas medidas. Com a atual crise financeira, medidas lançadas por todos os países não deveriam causar impactos negativos e passar mensagens erradas."
A maioria dos economistas concorda que a economia chinesa está começando a se recuperar devido ao agressivo pacote de estímulo do governo, mas o desemprego continua a ser um problemas e há temores de que demissões em massa possam levar a graves manifestações sociais.
"O mundo todo está torcendo para que a China espalhe pedidos e salve as economias desses países", afirmou Tao. "Mas o que essa política passa é um aumento da ansiedade em relação às pressões sobre os postos de trabalho e a possibilidade de intranquilidade social."


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