São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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Discussão segue na semana que vem

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

Previstas para terminar nesta semana, as discussões com a Argentina sobre o comércio de eletrodomésticos terão que continuar na próxima semana.
Governo e indústria brasileira cederam às pressões do parceiro do Mercosul para impor cotas para as vendas de fogões e geladeiras, mas ainda há impasse em torno do comércio de máquinas de lavar roupa.
Os argentinos querem limitar a participação das máquinas de lavar brasileiras no mercado local a 35%, mas os brasileiros querem 46%. Atualmente, o Brasil possui mais de 50% desse mercado, de acordo com a Secretaria de Indústria da Argentina.
"Não vamos perder mercado para outros países. A indústria argentina ainda não tem capacidade para atender à demanda, sobretudo de modelos novos, e, se sairmos, outros países vão ocupar o mercado", disse o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Marcio Fortes.
De acordo com ele, como não houve acordo sobre a divisão do mercado para o período de um ano, os argentinos propuseram que as discussões, a partir da semana que vem, se concentrem em estabelecer uma cota para os próximos meses.
O governo conseguiu aumentar a cota divulgada ontem, de 36.600 unidades de geladeiras.

Abertura apressada
O subsecretário de Integração Econômica do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, Eduardo Sigal, distribuiu uma nota a imprensa para reafirmar a importância do Mercosul para a política externa argentina, apesar da disputa comercial em torno do comércio de eletrodomésticos.
"Não se pode ser tão simplista e limitar a sorte de um bloco regional de integração a um conflito por eletrodomésticos. A visão estratégica dos países que compõem o bloco vai muito além disso", disse o diplomata.
Segundo ele, a base dos problemas comerciais entre os dois países é a fragilidade econômica. Ele criticou o que chamou de "liberalização apressada" dos anos 90, razão, segundo ele, dos problemas econômicos argentinos.
Ele afirmou que a iniciativa do governo de responder aos pedidos por proteção da indústria local não se trata de uma "intervenção estatal, mas de medidas necessárias para resolver os problemas que o mercado não resolve".


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