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CAPITALISMO VERMELHO
Resultado do 2º trimestre ajuda a diminuir preocupações em relação ao superaquecimento da economia
PIB chinês reduz ritmo e cresce "apenas" 9,6%
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
O PIB (Produto Interno Bruto)
chinês diminuiu seu ritmo de
crescimento no segundo trimestre, e o governo conseguiu controlar a explosão no volume de investimentos registrada no início
de 2004, o que reduziu a preocupação do mercado em relação ao
superaquecimento da economia.
Depois de aumentar 9,8% no
primeiro trimestre do ano, o PIB
teve expansão de 9,6% entre abril
e junho, em comparação a igual
período do ano passado.
Outros números divulgados ontem pelo governo indicam que a
economia deverá esfriar ainda
mais nos próximos meses.
O dado mais importante nesse
sentido é o relativo a investimentos em ativos fixos, como fábricas
e máquinas. O índice aumentou
28,6% no primeiro semestre do
ano, depois de dar um salto de
43% entre janeiro e março. "Sem
dúvida, isso terá um impacto importante na economia como um
todo", afirmou o porta-voz do
Departamento Nacional de Estatísticas, Zheng Jingping.
Apesar de ter uma avaliação positiva em relação à economia chinesa, Zheng ressaltou que ainda
há "gargalos" no fornecimento de
energia e transporte e que o investimento em determinados setores
continua alto. "Na segunda metade de 2004, deverão continuar os
esforços para implementação de
várias medidas de controle macroeconômico", disse.
Entre abril e maio, o governo
chinês adotou uma série de restrições ao crédito e a investimentos
para tentar controlar o ritmo de
expansão da economia, que muitos analistas consideravam insustentável. O temor era que o crescimento excessivo levasse a uma interrupção brusca da atividade,
com impactos negativos sobre a
economia mundial.
Os 9,6% de crescimento do segundo trimestre ainda estão distantes dos 7% previstos pelo governo para este ano. Mesmo com
as restrições implementadas entre
abril e maio, é pouco provável que
este número seja atingido.
A economia chinesa tem crescimento próximo de 9% ao ano há
26 anos, desde o início do processo de abertura do país, em 1978.
Em conseqüência dessa expansão, começa a surgir um forte grupo consumidor entre o 1,3 bilhão
de habitantes do país.
O setor automobilístico é um
dos que experimentam o maior
ritmo de expansão. As vendas de
carros no país subiram 75% em
2003 e deverão se expandir 40%
neste ano. Ontem, a General Motors, maior fabricante de automóveis do mundo, anunciou que
suas vendas na China cresceram
57,6% no primeiro semestre em
relação a igual período de 2003,
com a venda de 260 mil carros.
O governo também revisou para cima os índices de crescimento
do PIB do primeiro e do segundo
trimestres de 2003, que passaram
de 8,2% para 8,8% e de 6,7% para
7,9%, respectivamente.
Inflação
A alta de preços na China, que
atingiu 5% em junho, não é motivo de preocupação e deverá ser
invertida a partir de agosto, na
avaliação de Zheng Jingping, porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas.
O patamar de 5% havia sido
apontado pelo presidente do Banco Central, Zhou Xiaochuan, como o nível que poderia desencadear um aumento da taxa de juros. Segundo Zheng, a queda no
nível de investimentos vai diminuir a pressão sobre os preços
exercida pela alta de matérias-primas no primeiro semestre. Com
menor nível de produção, a China
deverá precisar de um volume
menor de matérias-primas, disse.
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