São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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CAPITALISMO VERMELHO

Resultado do 2º trimestre ajuda a diminuir preocupações em relação ao superaquecimento da economia

PIB chinês reduz ritmo e cresce "apenas" 9,6%

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

O PIB (Produto Interno Bruto) chinês diminuiu seu ritmo de crescimento no segundo trimestre, e o governo conseguiu controlar a explosão no volume de investimentos registrada no início de 2004, o que reduziu a preocupação do mercado em relação ao superaquecimento da economia.
Depois de aumentar 9,8% no primeiro trimestre do ano, o PIB teve expansão de 9,6% entre abril e junho, em comparação a igual período do ano passado.
Outros números divulgados ontem pelo governo indicam que a economia deverá esfriar ainda mais nos próximos meses.
O dado mais importante nesse sentido é o relativo a investimentos em ativos fixos, como fábricas e máquinas. O índice aumentou 28,6% no primeiro semestre do ano, depois de dar um salto de 43% entre janeiro e março. "Sem dúvida, isso terá um impacto importante na economia como um todo", afirmou o porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas, Zheng Jingping.
Apesar de ter uma avaliação positiva em relação à economia chinesa, Zheng ressaltou que ainda há "gargalos" no fornecimento de energia e transporte e que o investimento em determinados setores continua alto. "Na segunda metade de 2004, deverão continuar os esforços para implementação de várias medidas de controle macroeconômico", disse.
Entre abril e maio, o governo chinês adotou uma série de restrições ao crédito e a investimentos para tentar controlar o ritmo de expansão da economia, que muitos analistas consideravam insustentável. O temor era que o crescimento excessivo levasse a uma interrupção brusca da atividade, com impactos negativos sobre a economia mundial.
Os 9,6% de crescimento do segundo trimestre ainda estão distantes dos 7% previstos pelo governo para este ano. Mesmo com as restrições implementadas entre abril e maio, é pouco provável que este número seja atingido.
A economia chinesa tem crescimento próximo de 9% ao ano há 26 anos, desde o início do processo de abertura do país, em 1978. Em conseqüência dessa expansão, começa a surgir um forte grupo consumidor entre o 1,3 bilhão de habitantes do país.
O setor automobilístico é um dos que experimentam o maior ritmo de expansão. As vendas de carros no país subiram 75% em 2003 e deverão se expandir 40% neste ano. Ontem, a General Motors, maior fabricante de automóveis do mundo, anunciou que suas vendas na China cresceram 57,6% no primeiro semestre em relação a igual período de 2003, com a venda de 260 mil carros.
O governo também revisou para cima os índices de crescimento do PIB do primeiro e do segundo trimestres de 2003, que passaram de 8,2% para 8,8% e de 6,7% para 7,9%, respectivamente.

Inflação
A alta de preços na China, que atingiu 5% em junho, não é motivo de preocupação e deverá ser invertida a partir de agosto, na avaliação de Zheng Jingping, porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas.
O patamar de 5% havia sido apontado pelo presidente do Banco Central, Zhou Xiaochuan, como o nível que poderia desencadear um aumento da taxa de juros. Segundo Zheng, a queda no nível de investimentos vai diminuir a pressão sobre os preços exercida pela alta de matérias-primas no primeiro semestre. Com menor nível de produção, a China deverá precisar de um volume menor de matérias-primas, disse.


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