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COMÉRCIO
Documento para retomar negociações prevê fim da ajuda à exportação
OMC encampa redução de subsídios
DA REPORTAGEM LOCAL
A OMC (Organização Mundial
do Comércio) divulgou ontem o
esboço do documento que vai
conduzir as negociações da rodada de liberalização comercial de
seus 147 países-membros.
O documento entregue ontem
pela OMC propõe, pela primeira
vez de forma oficial, eliminar os
subsídios às exportações agrícolas, assim como eventuais mecanismos dos países que tenham
efeito semelhante. Apesar de ainda ter de passar pelo crivo dos
membros da OMC, o rascunho é
fundamental para a apresentação
da "moldura" geral de negociações, prevista para o final do mês.
Essa "moldura", como é conhecida no meio diplomático, não
deve conter números ou fórmulas, mas trazer os princípios de
negociação para a conclusão da
Rodada Doha, esperada para
2005. A rodada de negociação está
travada desde o impasse na Ministerial de Cancún (México), em
setembro passado.
"Os países-membros têm consciência de que há um número
considerável de diferenças de
pontos de vista em um número
importante de áreas", disse o embaixador japonês Shotaro Oshima, negociador-chefe que preside
o Conselho Geral da organização.
ONGs ligadas ao comércio exterior criticaram o documento.
"Muitos temas de interesse dos
países em desenvolvimento foram ignorados ou não foram tratados adequadamente", disse Celine Charveriat, da Oxfam.
Um dos maiores pontos de descontentamento diz respeito ao
item que trata do algodão. "No
item sobre o algodão, deveria
existir relação causal entre a redução dos subsídios de apoio interno e a exportação", diz Pedro de
Camargo Neto, da Sociedade Rural Brasileira. A commodity é o
principal produto de exportação
de vários países africanos, mas esbarra em fortes subsídios à produção concedidos pelos EUA.
Outro item polêmico foi a menção à "caixa azul" (trata de pagamentos diretos ligados a programas de limitação da produção,
que são isentos de compromissos
multilaterais). Os EUA defendiam
uma reformulação da "caixa
azul", e os países pobres, a sua eliminação. No documento, o pleito
americano foi contemplado. "O
que vai ser incluído nessa caixa ficou em aberto. É uma usina de
distorção de comércio", diz Gilman Viana, da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil.
(CÍNTIA CARDOSO)
Com agências internacionais
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