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OPINIÃO ECONÔMICA
É pra frente, Brasil!
BENJAMIN STEINBRUCH
A história é rica em lições.
Temos muito a aprender
com acertos e erros do passado.
Mais do que isso, temos a obrigação de apurar responsabilidades e
punir, na forma da lei, comportamentos ilícitos que tenham resultado em prejuízos para a sociedade.
Justificam-se, portanto, desde
que despidas de revanchismos e
oportunismos político-eleitorais,
ações para forçar a abertura de
arquivos de operações duvidosas
do passado recente.
Nas últimas semanas, porém, o
país vem sendo conturbado por
ondas denuncistas, com exposição pública de atos cuja privacidade é garantida pela Constituição e com prejulgamentos sem
provas cabais.
Não cabe aqui a discussão do
mérito das denúncias. Elas devem
ser apuradas, com base nas leis e
na Constituição do país. Mas isso
não pode dominar o cenário político, como se fosse a mais importante tarefa a ser cumprida pelos
poderes constituídos.
A energia política e as horas de
trabalho gastas com o denuncismo representam uma clara inversão de prioridades, num momento em que ressurgem no país as esperanças de retomada de crescimento econômico, hoje a maior
aspiração da sociedade brasileira.
O governo e o Congresso seriam
mais produtivos se olhassem mais
para a frente e menos para o retrovisor. Nada é tão importante,
neste momento, quanto a busca
de mecanismos políticos e econômicos para preservar e estimular
esse crescimento da produção recém-nascido e frágil.
Ao brincar de caça às bruxas no
Congresso, governo e oposição
dão as costas às preocupações evidentes da população, que são a
melhoria da atividade econômica
e a criação de empregos.
Ficou para segundo plano nas
últimas semanas, por exemplo, a
discussão sobre a taxa de juros,
que será reavaliada pelo Banco
Central amanhã. Energias foram
gastas para colocar em destaque
denúncias pessoais contra funcionários do Banco Central. Enquanto isso, deixou-se de questioná-los sobre a manutenção injustificável da Selic no nível atual de
16%, que impõe um juro real na
casa de 10% ao ano e tem efeito
devastador sobre a dívida pública
e sobre os custos do setor privado.
Parte da energia gasta para escarafunchar arquivos poderia ser
utilizada na busca de soluções para problemas que ameaçam impor gargalos à capacidade de produção do parque industrial brasileiro.
Como financiar novos investimentos? Como impedir que a
crescimento da demanda interna
reduza o superávit da balança comercial? Como recompor as reservas internacionais do país de forma a diminuir os riscos de que
uma crise externa afete o crescimento interno? Como fazer deslanchar os investimentos em infra-estrutura sem comprometer o
equilíbrio das contas públicas?
Essas perguntas poderiam ter
resposta mais rápida se governo e
oposição tivessem disposição para
se debruçar de verdade sobre
questões que têm a ver com o futuro do país e com o bem-estar
dos cidadãos brasileiros. O projeto que institui as Parcerias Público-Privadas, por exemplo, crucial
para financiar os investimentos
em infra-estrutura, continua parado no Senado.
Ficar de olho no retrovisor faz
parte da arte de dirigir. Mas nenhum piloto será bem-sucedido se
olhar mais para trás do que para
a frente.
Não se trata, portanto, de esquecer o passado ou de perpetuar
impunidades. O problema está na
dosagem de energias, cuja maior
parte deveria, naturalmente, ser
usada para viver o presente e projetar o futuro com melhor qualidade de vida para os brasileiros.
Benjamin Steinbruch, 50, empresário,
é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional e presidente do conselho de administração da empresa.
E-mail - bvictoria@psi.com.br
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