São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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RECEITA HETERODOXA

Analistas já prevêem alta do PIB de 7% em 2005, embora os últimos meses tenham mostrado desaceleração

Economia argentina cresce 9% no semestre

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

No primeiro semestre, a economia argentina cresceu 9% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados preliminares divulgados ontem pelo Indec (órgão de estatísticas do governo). A estimativa de analistas é que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país, que em 2004 foi de 9%, seja de 7% em 2005, uma alta superior à esperada no início do ano.
Nos últimos meses, entretanto, o crescimento da atividade econômica vem sendo menor. Em junho, a economia argentina cresceu 8,6% ante mesmo mês do ano passado; em maio, na mesma comparação, a alta foi de 10,6%. Em relação ao mês anterior, o crescimento no mês passado foi de 0,1%, já em maio ante abril a alta havia sido de 0,7%.
Segundo economistas, isso acontece principalmente porque setores da indústria estão operando no limite de suas capacidades: não há um nível de oferta compatível com a reação da demanda.
"No ano passado e no anterior havia um nível de capacidade instalada ociosa que fazia frente a um incremento da demanda. Atualmente isso não é possível, há necessidade de investimentos para aumentar a oferta", diz Ernesto Di Rocco, economista da consultoria argentina abeceb.com.
De acordo com ele, essa é uma das razões para a escalada de preços nos últimos meses na Argentina. A inflação foi de 0,9% em junho e de 1% em julho. No ano, o índice já acumula alta de 7,2%.
"Ou aumenta a importação ou se segue demandando produção interna e os preços sobem", diz Di Rocco. As importações vêm aumentando: em junho, o país importou US$ 2,724 bilhões, ante US$ 2,025 bilhões no mesmo mês de 2004. Já a taxa de crescimento da produção industrial desacelera: segundo dados do Indec, a produção da indústria em junho teve queda de 0,5% na comparação com maio.
No primeiro semestre, a indústria acumula crescimento de 7,2% ante mesmo período de 2004. Em junho, na comparação com o mesmo mês de 2004, a produção industrial argentina subiu 6,4%.
Os investimentos na Argentina vêm se recuperando, mas a avaliação é que ainda não são suficientes para fazer frente ao ritmo acelerado de crescimento. No segundo trimestre deste ano, segundo estimativa oficial, os investimentos cresceram mais de 20% ante mesmo período de 2004.
A taxa de investimento na Argentina, para alguns economistas, deveria chegar a 22% ou 23% do PIB para fazer frente ao aquecimento da demanda.
Em 2004, a taxa de formação bruta de capital fixo no país, que mede os investimentos, foi de 19,2% do PIB -havia chegado a cair a 12% em 2002.


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