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COMÉRCIO
Se estimativa do Dieese se confirmar, será recorde de demissões no setor
Supermercados devem cortar 8.000
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os supermercados devem demitir até o final deste ano cerca de
8.000 funcionários no município
de São Paulo, segundo estimativa
do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Sócio-Econômicos).
A previsão foi feita a partir da
média de rescisões de contrato de
trabalho (homologações) de empregados de supermercados com
um ou mais tempo de serviço realizadas no Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
De janeiro a julho de 2003 foram
dispensados 4.763 funcionários
de supermercados. Ao calcular a
média mensal de dispensas e projetá-la para o ano, o estudo estima
que o setor chegue a 8.165 cortes
até dezembro. "Se essa hipótese se
confirmar, vamos bater o recorde
de demissões no segmento", diz
Ricardo Patah, presidente do sindicato. "Essas são dispensas de
quem tem registro há 12 meses ou
mais. Se considerarmos que cerca
de um terço da categoria tem menos de um ano de serviço e pode
assinar a rescisão na empresa ou
na DRT [Delegacia Regional do
Trabalho], o número de demitidos deverá ser ainda maior." No
total, são cerca de 100 mil empregados na cidade.
Em relação a 2002 -quando foram feitas 7.194 homologações
nos supermercados na cidade-,
o estudo prevê aumento de cerca
de 12% nas demissões neste ano.
O segmento ocupa o segundo lugar no ranking de demissões em
seis setores analisados pelo Dieese
-só perde para lojas de gêneros
alimentícios, que registraram
23% no aumento de demissões.
"A queda na renda do trabalhador certamente afeta o consumo e
as vendas. Mas a verdade é que
houve um descompasso entre o
crescimento das vendas das redes
e do emprego no setor", diz Patah.
O faturamento das grandes redes de supermercados cresceu
23,2% entre 1993 e 2002, enquanto o emprego, 7,7% -revela estudo do Dieese com base em indicadores da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) com 300
redes do Brasil.
"A expansão das grandes redes,
resultado das fusões e internacionalização do capital, somada à
concentração do setor, à exigência da mão-de-obra mais qualificada, à terceirização e à automação, pressionam o emprego e o salário no setor", diz José Silvestre,
técnico do Dieese. Em 1995, as
duas maiores redes -Pão de
Açúcar e Carrefour- do país detinham 25% do faturamento total.
Em 2002, detinham 42%.
A pesquisa mostra ainda que o
número de empregados a cada
100 m2 diminuiu 19% no período
-passou de 7,2 para 5,8. Por outro lado, a área física total dos supermercados cresceu 33%, o número de lojas aumentou 13% e o
espaço destinado para vendas em
cada loja subiu 18%. "Só o emprego não evoluiu na mesma proporção", diz Silvestre.
Procurada pela Folha, a Abras
informou que não comentaria a
pesquisa do Dieese porque sua direção está no Rio, onde participa
de uma feira do setor. A Companhia Brasileira de Distribuição,
dona do Pão de Açúcar, contestou
a pesquisa. Informou que contratou 39 mil funcionários de 1996
até junho deste ano. Segundo a rede, a área de vendas cresceu
177,6%, enquanto o número de
funcionários subiu 173,7%.
Colaborou a Folha Online
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