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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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COMÉRCIO

Se estimativa do Dieese se confirmar, será recorde de demissões no setor

Supermercados devem cortar 8.000

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados devem demitir até o final deste ano cerca de 8.000 funcionários no município de São Paulo, segundo estimativa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
A previsão foi feita a partir da média de rescisões de contrato de trabalho (homologações) de empregados de supermercados com um ou mais tempo de serviço realizadas no Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
De janeiro a julho de 2003 foram dispensados 4.763 funcionários de supermercados. Ao calcular a média mensal de dispensas e projetá-la para o ano, o estudo estima que o setor chegue a 8.165 cortes até dezembro. "Se essa hipótese se confirmar, vamos bater o recorde de demissões no segmento", diz Ricardo Patah, presidente do sindicato. "Essas são dispensas de quem tem registro há 12 meses ou mais. Se considerarmos que cerca de um terço da categoria tem menos de um ano de serviço e pode assinar a rescisão na empresa ou na DRT [Delegacia Regional do Trabalho], o número de demitidos deverá ser ainda maior." No total, são cerca de 100 mil empregados na cidade.
Em relação a 2002 -quando foram feitas 7.194 homologações nos supermercados na cidade-, o estudo prevê aumento de cerca de 12% nas demissões neste ano. O segmento ocupa o segundo lugar no ranking de demissões em seis setores analisados pelo Dieese -só perde para lojas de gêneros alimentícios, que registraram 23% no aumento de demissões.
"A queda na renda do trabalhador certamente afeta o consumo e as vendas. Mas a verdade é que houve um descompasso entre o crescimento das vendas das redes e do emprego no setor", diz Patah.
O faturamento das grandes redes de supermercados cresceu 23,2% entre 1993 e 2002, enquanto o emprego, 7,7% -revela estudo do Dieese com base em indicadores da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) com 300 redes do Brasil.
"A expansão das grandes redes, resultado das fusões e internacionalização do capital, somada à concentração do setor, à exigência da mão-de-obra mais qualificada, à terceirização e à automação, pressionam o emprego e o salário no setor", diz José Silvestre, técnico do Dieese. Em 1995, as duas maiores redes -Pão de Açúcar e Carrefour- do país detinham 25% do faturamento total. Em 2002, detinham 42%.
A pesquisa mostra ainda que o número de empregados a cada 100 m2 diminuiu 19% no período -passou de 7,2 para 5,8. Por outro lado, a área física total dos supermercados cresceu 33%, o número de lojas aumentou 13% e o espaço destinado para vendas em cada loja subiu 18%. "Só o emprego não evoluiu na mesma proporção", diz Silvestre.
Procurada pela Folha, a Abras informou que não comentaria a pesquisa do Dieese porque sua direção está no Rio, onde participa de uma feira do setor. A Companhia Brasileira de Distribuição, dona do Pão de Açúcar, contestou a pesquisa. Informou que contratou 39 mil funcionários de 1996 até junho deste ano. Segundo a rede, a área de vendas cresceu 177,6%, enquanto o número de funcionários subiu 173,7%.


Colaborou a Folha Online


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