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Empresas têm o pior 1º semestre sob Lula
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido de companhias industriais foi de 10%, ante 13,9% no mesmo período de 2005
Responsável pelo estudo, Iedi aponta o câmbio como fator principal para o mais fraco resultado nos seis primeiros meses do ano
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Apesar de o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ter dito recentemente que, pela primeira
vez, as empresas brasileiras tiveram lucro maior do que os
bancos e que valeu a pena investir no Brasil, os índices de
rentabilidade da indústria no
primeiro semestre deste ano
mostram exatamente o contrário. O resultado foi o pior desde
2003, início do governo Lula.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido das empresas industriais nos primeiros seis
meses foi de 10%, sem incluir a
Petrobras, uma taxa 28% inferior aos 13,9% registrados no
mesmo período de 2005. Já
com a Petrobras, a rentabilidade sobe para 11,7%, mesmo assim, abaixo dos 14% de 2005.
Os dados constam de pesquisa inédita feita pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) a partir
de uma amostra de 101 empresas industriais no primeiro semestre.
Os setores que registraram
maior queda de rentabilidade
foram os de alimentos, siderurgia, material aeronáutico, papel
e celulose e química.
O setor de alimentos, por
exemplo, registrou uma queda
da rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 10,4% em
2005 para 0,2% neste ano, uma
diminuição do lucro sobre a receita de 5,8% para 0,2% e um
prejuízo de 0,02% na atividade
sobre a receita. O economista
Edgard Pereira, do Iedi, diz que
esse resultado da indústria é reflexo principalmente da supervalorização cambial. O efeito da
valorização do real sobre a indústria se dá basicamente de
duas formas. Em primeiro lugar, deprime a receita obtida
com as exportações; além disso,
incentiva a importação de produtos a preços mais baixos do
que os fabricados no país. "A tesoura aperta dos dois lados",
diz Pereira.
Outro fator importante que
também afeta a rentabilidade
da indústria é o nível de atividade, que reduz o volume de vendas das empresas.
Segundo Pereira, "a piora da
rentabilidade nos mercados interno e externo é decorrente do
atraso e da pronunciada parcimônia com que as taxas de juros vêm sendo reduzidas no
Brasil, fator que determina tanto a apreciação da moeda quanto o retrocesso do mercado interno".
O economista do Iedi diz que
não há pior notícia do que a redução da rentabilidade das empresas para um país que precisa
acelerar fortemente os investimentos e assegurar um maior
crescimento econômico de longo prazo.
"Nunca é demais lembrar
que, em uma economia cujo
mercado de capitais ainda é incipiente e são escassas as fontes
de financiamento de longo prazo, a acumulação interna das
empresas, que só pode ser garantida pela sua rentabilidade,
é a fonte primordial dos investimentos", diz Pereira.
O pior é que as empresas estão prontas para iniciar uma
nova fase de investimento. O
Iedi constatou na pesquisa que
as grandes empresas industriais melhoraram sensivelmente os níveis e a qualidade
do endividamento, o que significa que elas estão preparadas
para contrair novos empréstimos com o objetivo de disparar
investimentos. O endividamento sobre o PL das empresas
caiu de 0,45% para 0,34% entre
junho de 2005 e junho deste
ano, incluindo a Petrobras.
Sem a estatal, o endividamento
cai de 0,46% para 0,42%.
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