São Paulo, segunda-feira, 17 de setembro de 2007

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Mercado testa novas aberturas de capital

Após "jejum" com período de turbulência iniciado em julho, Bolsa de SP volta a ter estréia de novas ações de empresas

Para analistas, estrangeiro tem voltado a investir nos emergentes, mas ainda há risco de que crise financeira persista e afete os negócios

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após um jejum que se estende desde o fim de julho, uma nova ação se prepara para estrear no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo, ainda nesta semana. O arrefecimento das turbulências que abateram o mercado internacional desde a última semana de julho abriram as portas para a retomada dos IPOs (lançamento inicial de ações, na sigla em inglês).
Se a estréia das ações da Satipel -empresa que atua na produção de painéis de madeira para a indústria moveleira- na Bovespa, programada para a próxima sexta-feira, for bem-sucedida, pode animar outras empresas que estão na fila a retomarem seus processos de abertura de capital.
A melhora do mercado internacional foi fundamental para a retomada dos IPOs. Isso porque os investidores estrangeiros têm ficado com grande parte das novas ações oferecidas.
"É normal que os IPOs venham em ondas. E esse "branco" recente coincidiu com o período de turbulências do mercado", diz Júlio Ziegelmann, diretor da Itaú Corretora.
Ziegelmann afirma que nas últimas semanas "tem voltado o apetite dos investidores internacionais para o risco dos emergentes". Ou seja, o cenário para emitir ações na Bolsa de Valores melhorou.
Das ofertas de ações neste ano, os estrangeiros levaram 74% do montante distribuído pelas companhias.
Neste ano, já foram contabilizadas as estréias de 43 novas ações de empresas nacionais no pregão da Bolsa -o melhor resultado da década.
Na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) há 26 pedidos de lançamento de ações parados. O último a registrar solicitação para ofertar seus papéis foi o banco Panamericano, no último dia 11. Em 2006, considerado um ano bastante positivo para o mercado acionário, houve a entrada de 26 ações.
Para o analista Luiz Antonio Vaz das Neves, da KNA Consultores, "os IPOs são um excelente sensor do momento que atravessa o mercado".
Se a oferta da Satipel não tiver um bom retorno, com baixa procura, a operação pode desestimular outras empresas, que estão à espera do melhor momento para entrar na Bolsa.
As últimas estréias ocorreram no dia 30 de julho, quando General Shopping (desenvolvimento e administração de shoppings) e Estácio Participações (do ramo educacional) passaram a ofertar ações.
O economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, Jason Freitas Vieira, não se mostra tão animado com a retomada dos IPOs. "O mercado ainda está muito volátil. Na semana que vem [esta], haverá a decisão do banco central americano sobre os juros, evento que pode sacudir o mercado global novamente", afirma o economista. "O mercado ainda vive um momento delicado."

Venda e compra
As reservas para adquirir as ações da Satipel podem ser feitas até amanhã, nas corretoras e bancos credenciados. Parte da oferta é destinada ao investidor pessoa física, que pode comprar lotes de ações a partir de R$ 3 mil. Pela programação divulgada pelos agentes envolvidos na operação, a estréia ocorrerá no Novo Mercado da Bolsa no pregão de sexta-feira.
O Novo Mercado é o segmento destinado aos papéis das companhias comprometidas com práticas diferenciadas de boa governança corporativa.

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