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Zona Franca prevê um Natal magro neste ano
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Um Natal magro por causa do
decréscimo nas vendas depois
que o Banco Central elevou a taxa
básica de juros da economia de
18% para 21%. Essa é a previsão
de entidades da Zona Franca de
Manaus (AM).
A produção de aparelhos de TV
em cores, o termômetro das vendas do pólo industrial, não deve
alcançar a marca prevista inicialmente, de 6 milhões de unidades,
segundo o Sinaee (Sindicato das
Indústrias de Aparelhos Elétricos
e Eletrônicos e Similares).
Não há indicativo de demissões,
mas as linhas de produção trabalham em turno único, e os estoques atuais foram comprados
com o dólar cotado a R$ 2,75.
Segundo a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), não faltarão mercadorias
porque há desaquecimento no
comércio.
No ano passado a Zona Franca
produziu 5,5 milhões de televisores. O faturamento das cerca de
400 indústrias, que foi de US$ 9
bilhões, também deve cair. Até
agosto, as empresas faturaram
US$ 5,9 bilhões -a meta deste
ano é de US$ 10 bilhões.
Nelson Ida, presidente do Sinaee, afirma que a Zona Franca
enfrenta uma situação crítica há
quatro meses por causa da alta do
dólar, já que 50% dos insumos para as linhas de produção são importados. Além disso, as indústrias têm dificuldades para repassar "pequena parte da desaceleração cambial" para o preço final
dos produtos ao comércio.
"Com a alta dos juros, o crédito
será reduzido ainda mais. É que as
indústrias não têm condições de
dar crédito aos lojistas, que estão
com dificuldades para conseguir
financiamento. Resultado: as vendas vão cair", diz Ida.
Para ele, aumentar o número de
parcelas das prestações não será
uma boa opção por causa do limite de crédito. "O aumento da taxa
de juros foi uma ducha de água
fria sobre as empresas. A tendência é passarmos um Natal bastante magro."
Nilton Sacenco, superintendente-adjunto de projetos da Suframa, diz que a elevação da taxa de
juros tem efeito negativo sobre o
capital de giro e sobre o custo dos
investimentos para as indústrias
de Manaus, e positivo sobre as
importações devido a uma possível queda do dólar. As indústrias
deverão trabalhar até dezembro
com estoques já adquiridos.
Para o presidente da Feceam
(Federação das Empresas do Comércio do Amazonas), Roberto
Tadros, o impacto das novas taxas
de juros sobre o comércio será
sentido somente em janeiro.
"O brasileiro fará um esforço
descomunal para comprar os presentes de Natal e sentirá o peso
em janeiro, quando estaremos
com um novo governo", disse.
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