São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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Zona Franca prevê um Natal magro neste ano

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Um Natal magro por causa do decréscimo nas vendas depois que o Banco Central elevou a taxa básica de juros da economia de 18% para 21%. Essa é a previsão de entidades da Zona Franca de Manaus (AM).
A produção de aparelhos de TV em cores, o termômetro das vendas do pólo industrial, não deve alcançar a marca prevista inicialmente, de 6 milhões de unidades, segundo o Sinaee (Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos e Eletrônicos e Similares).
Não há indicativo de demissões, mas as linhas de produção trabalham em turno único, e os estoques atuais foram comprados com o dólar cotado a R$ 2,75.
Segundo a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), não faltarão mercadorias porque há desaquecimento no comércio.
No ano passado a Zona Franca produziu 5,5 milhões de televisores. O faturamento das cerca de 400 indústrias, que foi de US$ 9 bilhões, também deve cair. Até agosto, as empresas faturaram US$ 5,9 bilhões -a meta deste ano é de US$ 10 bilhões.
Nelson Ida, presidente do Sinaee, afirma que a Zona Franca enfrenta uma situação crítica há quatro meses por causa da alta do dólar, já que 50% dos insumos para as linhas de produção são importados. Além disso, as indústrias têm dificuldades para repassar "pequena parte da desaceleração cambial" para o preço final dos produtos ao comércio.
"Com a alta dos juros, o crédito será reduzido ainda mais. É que as indústrias não têm condições de dar crédito aos lojistas, que estão com dificuldades para conseguir financiamento. Resultado: as vendas vão cair", diz Ida.
Para ele, aumentar o número de parcelas das prestações não será uma boa opção por causa do limite de crédito. "O aumento da taxa de juros foi uma ducha de água fria sobre as empresas. A tendência é passarmos um Natal bastante magro."
Nilton Sacenco, superintendente-adjunto de projetos da Suframa, diz que a elevação da taxa de juros tem efeito negativo sobre o capital de giro e sobre o custo dos investimentos para as indústrias de Manaus, e positivo sobre as importações devido a uma possível queda do dólar. As indústrias deverão trabalhar até dezembro com estoques já adquiridos.
Para o presidente da Feceam (Federação das Empresas do Comércio do Amazonas), Roberto Tadros, o impacto das novas taxas de juros sobre o comércio será sentido somente em janeiro.
"O brasileiro fará um esforço descomunal para comprar os presentes de Natal e sentirá o peso em janeiro, quando estaremos com um novo governo", disse.


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