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BC anuncia mais medidas para tentar elevar liquidez do mercado financeiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da baixa eficácia das
medidas tomadas nas últimas
três semanas para reforçar o
caixa dos bancos, especialmente os de menor porte e os que financiam exportações, o governo resolveu estender ainda
mais os incentivos a eles com
empréstimos e descontos no
recolhimento compulsório.
Ontem pela manhã, o Banco
Central decidiu reduzir a exigência do compulsório (parcela
dos depósitos bancários que fica retida pelo BC) para bancos
que aceitarem fazer empréstimos de curto prazo, o chamado
"overnight", a instituições pequenas e médias. É o mesmo
benefício que passou a ser concedido, na semana passada, para bancos que comprassem
parte da carteira de crédito de
seus concorrentes menores.
O problema é que a avaliação
dessas carteiras está levando
mais tempo do que o BC considera razoável. Segundo a Folha
apurou, a expectativa do governo é que os bancos menores
passem a ter recursos de curtíssimo prazo oferecendo como
garantia os mesmos títulos e
créditos que antes precisavam
ser vendidos em definitivo.
Para isso, o papel dos bancos
oficiais será importante. O BC
espera que Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal, que
já estão analisando a compra
definitiva de carteiras de crédito, mas num ritmo lento, passem a oferecer dinheiro no
"overnight" com as mesmas garantias. A idéia do governo continua sendo fazer com que os
bancos resolvam o problema
de falta de caixa por meio de
operações feitas entre os próprios integrantes do mercado,
sem recorrer ao socorro oficial.
Ainda assim, o CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu também tornar mais fácil o
acesso dos bancos a financiamentos emergenciais fornecidos pelo próprio BC.
Essa linha de crédito especial, criada por meio de medida
provisória publicada na semana passada, apenas podia ser
acessada por instituições que
pudessem apresentar sua própria carteira de crédito como
garantia. Ontem, essa exigência foi afrouxada, e também serão aceitos como garantia títulos emitidos por empresas, as
debêntures, que estejam na
carteira das instituições.
Linha em dólares
Além disso, uma outra linha
emergencial em dólares também será oferecida a bancos
que tenham problemas em
honrar suas obrigações em
moeda estrangeira. Ontem, porém, o CMN deu ao BC a possibilidade de condicionar o repasse desse dinheiro ao aumento na oferta de crédito para
exportadores. A exigência não
estava prevista na edição da MP
que instituiu esse tipo de empréstimo nem na sua regulamentação, apesar de ter sido
desenhada originalmente para
suprir a escassez de linhas externas para o comércio.
A vinculação foi uma forma
de o governo ter certeza de que
o dinheiro chegará à ponta final
em vez de ficar no caixa das instituições financeira e será estabelecido a critério do BC, no
momento da concessão.
Para Mário Battistel, analista
de câmbio da Fair Corretora, a
decisão é acertada porque, se
não houver a exigência, o destino desse dinheiro seria a especulação. "Existia a desconfiança de que o banco tomaria a linha de crédito, mas especularia
com o dinheiro. Ao carimbar o
destino, a operação fica mais
transparente", afirmou.
No entanto, ele diz que, para
garantir o dinheiro aos exportadores, o BC não deveria fazer
esses empréstimos no exterior.
Bastaria direcionar ao setor
uma parte dos leilões casados
de compra e venda de dólar que
realizados nos últimos dias.
"Seria muito mais simples."
A demora em começar a fazer
leilões para linhas de crédito ao
comércio exterior irrita os exportadores, que há dez dias estão na expectativa da maior
oferta de dólares para fechar
contratos. O vice-presidente da
AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, disse que a expectativa era que a oferta começasse na semana passada,
quando o governo anunciou o
pacote de socorro.
Os exportadores vêm reclamando que, sem regulamentação, continuam sem acesso ao
crédito. No entanto, ontem à
noite, o BC informou que divulgará hoje as regras para esse tipo de operação, permitindo aos
bancos que comecem a liberar
mais crédito aos exportadores.
Desde o fim do mês passado,
com o agravamento da crise, o
BC tomou medidas que, ao todo, já liberaram R$ 49,5 bilhões
aos bancos.
Se considerado o volume de
recursos que também podem
estar disponíveis a eles que, de
alguma maneira, injetem dinheiro no mercado, o valor vai a
R$ 111 bilhões.
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