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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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ARGENTINA

Estrangeiros rejeitam desconto de 75% em títulos oferecido pelo governo

Investidores querem receber 60%

Marcos Brindicci/Reuters
Desempregado argentino come próximo à Casa Rosada, sede do governo, em Buenos Aires


CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

Um grupo de bancos investidores norte-americanos e europeus apresentou uma contraproposta ao governo da Argentina para a reestruturação da dívida do país, em moratória desde dezembro de 2001. A informação é do jornal "Clarín", que cita fontes oficiais.
A contraproposta prevê desconto de 40% -e não de 75%, como quer o governo argentino- no valor de face dos títulos. O capital restante, após aplicado o desconto, seria refinanciado com taxas de juros anuais de 2%, por "prazos amplos".
Os bancos pedem também que seja incluído na reestruturação o valor de US$ 18 bilhões referente aos juros acumulados desde o "default" e que não constam da proposta argentina de renegociação -apresentada na reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional), em setembro.
Com isso, o montante da dívida a ser negociado chegaria a US$ 106 bilhões -contra os US$ 88 bilhões que o governo argentino se propõe a reestruturar.
Segundo a contraproposta, o governo deveria ainda fazer um pagamento inicial aos investidores equivalente a 10% dos juros atrasados, ou seja, US$ 1,8 bilhão.
Além do título que estipula o desconto de 75% no valor de face, a Argentina ofertou outros dois papéis para substituir os que estão em "default". Um, chamado "a la par", prevê o pagamento integral do valor de face (dos títulos em "default"), com taxa de juros anual de até 1,5%. Já o "quase par" oferece um desconto de 30%, com rendimento entre 1% e 2% ao ano. O "dissabor": em ambos os casos, o prazo de vencimento varia entre 20 e 42 anos. De sua parte, o título que prevê desconto de 75% terá taxa de juros entre 1% e 5% e vencimento de 8 a 20 anos.
A proposta foi rechaçada por investidores europeus, norte-americanos e argentinos, que consideram os prazos muito longos e a taxa de juros muito baixa. Eles alegam que o desconto real do valor de face chegaria a 90%.


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