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São Paulo perde espaço no PIB nacional
Dados do IBGE de 2004 mostram que Estado tinha 33,7% da economia do país em 2000 e 30,9% quatro anos depois
Migração da indústria de alimentos para novos
centros, expansão agrícola e benefícios fiscais elevam
peso de outras regiões
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A economia do país prossegue num processo acelerado de
desconcentração, puxado pela
perda de peso do Estado de São
Paulo no PIB (Produto Interno
Bruto) nacional. Maior do país,
o PIB paulista, que já chegou a
representar 33,7% em 2000,
correspondia a 30,9% da economia brasileira em 2004. Em
2003, o percentual era de
31,8%, segundo o IBGE.
Em contrapartida, economias do Sul, do Centro-Oeste,
do Nordeste e do Norte ganharam terreno. A situação tende,
porém, a mudar quando computados dados de 2005 e 2006,
segundo o economista Sérgio
Vale, da MB Associados. É que a
crise no campo, que se irradiou
para o comércio e parte da indústria, afetou o desempenho
do Sul e do Centro-Oeste.
Norte e Nordeste, por sua
vez, continuaram provavelmente avançando, estima Vale,
com o aumento da renda proporcionado por programas de
transferência (como o Bolsa
Família), a expansão da indústria e da fronteira agrícola.
Em 2000, 4,6% do PIB era
gerado na região Norte. Em
2004, subiu para 5,3%. No Nordeste, no mesmo período, foi de
13,1% para 14,1%; no Sul, de
17,6% para 18,2%; no Centro-Oeste, de 7% para 7,5%. Apesar
da desconcentração, a região
Sudeste ainda representava
54,9% do PIB em 2004 -o percentual era de 57,8% em 2000.
O PIB paulista perde espaço
desde 1990 (quando era 37% do
do país), mas a tendência se
acelerou de 2000 em diante.
Entre as razões, Frederico Cunha, gerente das contas regionais do IBGE, cita a abertura de
novas empresas em outros pólos econômicos, os incentivos
fiscais de alguns Estados e a migração de indústrias de bens de
consumo (especialmente alimentos) para mais perto dos
mercados consumidores. Ressalta ainda o efeito da expansão
da fronteira agrícola para o
Centro-Oeste e o Nordeste,
atraindo a agroindústria.
"Muitos Estados, especialmente os do Nordeste, estão se
integrando ao mercado consumidor, o que leva as empresas,
principalmente de bens de consumo não-duráveis, a se instalar na região", concorda o economista Edgar Pereira, do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
Diferentemente de São Paulo, não houve perda em outros
Estados em que a economia
também é dinâmica. Segundo
maior PIB do país, o Rio, que
perdeu terreno na década de
1990, manteve praticamente
inalterada sua participação
-12,5% em 2000 para 12,6%
em 2004. Foi efeito do crescimento da indústria do petróleo,
diz o IBGE. Em Minas, o peso
passou de 9,6% para 9,4%.
Os dois Estados, avalia Vale,
devem manter seu peso graças
à expansão da exploração de
petróleo e minério de ferro.
"Sem dúvida, no Sudeste, São
Paulo é o que tende a perder
mais em 2005 e 2006."
Em 2004, a economia paulista cresceu 6,4%, mais do que o
PIB nacional, cujo crescimento
foi de 4,9%. O motivo foi o desempenho da indústria naquele
ano -expansão de 10,8%, a melhor marca desde o início da série da pesquisa do IBGE, em
1985. Em 2004, o PIB paulista
somou R$ 546,607 bilhões, de
um valor total de R$ 1,767 trilhão no Brasil.
Os maiores crescimentos do
PIB, em 2004, aconteceram no
Amazonas (11,5%) e em Mato
Grosso (10,2%), sob efeito da
indústria da zona franca e da
agropecuária, respectivamente. Afetado pela estiagem que
também prejudicou os Estados
do Sul, Mato Grosso do Sul foi o
único com taxa negativa
(-0,8%). Na seqüência, os piores desempenhos ficaram com
Paraíba (1,6%) e Rio de Janeiro
(1,9%) -no segundo caso, sob
efeito da queda de 3% da produção de petróleo, a primeira
desde 1990.
Em razão da seca, Rio Grande do Sul e Paraná também
cresceram abaixo da média em
2004 -3,4% e 3,2%, respectivamente.
Pereira, do Iedi, ressalta que
"um cenário de forte crescimento econômico, como foi o
de 2004, beneficiou as economias menores e favoreceu o
processo de desconcentração
regional". Acre e Tocantins são
dois exemplos, com altas acima
da média -5,7% e 5,5%.
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