|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Investimento pode reduzir superávit
Governo estuda ampliar quantidade de projetos que são excluídos do cálculo da economia destinada ao pagamento de juros
Proposta prevê elevar de 0,2% para 0,5% do PIB valor de projetos prioritários que não entram na definição do superávit primário
VALDO CRUZ
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A principal alternativa em
estudo no governo para destravar os investimentos públicos
em infra-estrutura em 2007
pode representar uma redução
no superávit primário, mas o
governo acredita que, se isso
ocorrer de fato, não deverá ser
de grandes proporções.
A proposta é elevar de R$ 4,6
bilhões para R$ 10,6 bilhões os
programas incluídos no PPI
(Projeto Piloto de Investimentos), que reúne uma carteira de
investimentos prioritários, supostamente a salvo de cortes e
cujas despesas não entram no
cálculo do superávit primário.
A Folha apurou que a intenção do governo não é descontar
todo o investimento do PPI da
meta de superávit primário em
2007, embora um pequeno impacto não esteja descartado.
Se o desconto fosse total, como permite o programa acertado com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o superávit
poderia cair de 4,25% para
3,75% do PIB, já que a intenção
é elevar o montante do PPI de
0,2% para 0,5% do PIB.
A estratégia do governo, porém, é compensar a elevação
no PPI com o corte de despesas
correntes da União, evitando
um aumento da dívida pública
com uma redução elevada do
superávit primário.
Logo depois de assumir o governo, em 2003, Lula aumentou a meta de superávit primário de 3,75% do PIB para
4,25%. Em 2004 e 2005, foram
destinados ao pagamento de
juros o equivalente a 4,59% e
4,83% do PIB, respectivamente. Em todo o período, os números superaram o de 2002,
último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, que ficou em 3,89% do PIB.
O projeto de Orçamento para
2007 que está no Congresso
prevê investimentos de R$ 4,59
bilhões em PPIs, o equivalente
a 0,2% do PIB. Dessa carteira,
89% estão concentrados na
área de transportes. Os investimentos em rodovias, ferrovias
e portos teriam prioridade.
A estrutura de transportes
disponível no Brasil é considerada incompatível com a intenção manifestada por Lula de
crescimento do PIB em 5%.
Também seriam necessários
investimentos para ampliar a
geração de energia.
O abatimento dos gastos com
o PPI da meta de superávit está
previsto desde 2005, quando o
governo iniciou o programa em
parceria com o FMI. O limite
de gastos expurgáveis da meta
é de 0,5% no período de três
anos, de 2005 a 2007.
Mas a brecha nunca foi usada. Este ano, a dedução para
gastos com o PPI é pouco mais
de R$ 3 bilhões, ou o equivalente a 0,14% do PIB. Até setembro, já haviam sido investidos
R$ 1,8 bilhão do total de R$ 3
bilhões. Apesar da execução
baixa, o governo acredita que
todos os recursos serão gastos.
O programa foi negociada
com o FMI junto com outros
oito países. A idéia é desenvolver uma metodologia de cálculo do superávit que não penalize o investimento. Para isso são
escolhidos projetos com potencial de retorno acima do que foi
gasto. O FMI entende que, como a economia do país terá ganhos futuros, esse gasto pode
ser deduzido do superávit.
Texto Anterior: Força Sindical já quer negociar multa do FGTS para aposentados Próximo Texto: INSS suspende benefícios de 102,7 mil Índice
|