São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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Gastos com juros chegam a R$ 115 bilhões até outubro

Dívida pública tem pequena oscilação e continua acima de R$ 1 tri, diz Tesouro

Eleições de outubro não afetaram o mercado, afirma o coordenador da dívida; parcela de prefixados tem ligeira elevação no mês


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Até o mês passado, o governo gastou R$ 115,1 bilhões para pagar os juros da dívida pública interna, que somou R$ 1,063 trilhão. Na comparação com setembro, quando estava em R$ 1,061 trilhão, a dívida ficou praticamente estável.
De acordo com o coordenador-geral da dívida, Ronnie Tavares, as eleições de outubro não interferiram no mercado. "Foi um "não-evento". Não houve oscilação, nem no mercado internacional. Houve estabilidade na taxa de juros dos Estados Unidos, alta das Bolsas internacionais e pouca volatilidade", disse.
Em outubro, o Tesouro Nacional emitiu R$ 54,2 bilhões em títulos públicos, mas resgatou R$ 61,2 bilhões. A maior parte dos títulos que venceram no mês passado, 73% do total, foi de prefixados. O governo vem se esforçando para aumentar a proporção desses papéis no total dos títulos porque eles oferecem maior previsibilidade para os gastos com a dívida pública.
Tavares disse que esperava que a proporção dos papéis prefixados caísse em outubro porque há concentração de vencimentos dos títulos, o que leva o mês a ser qualificado de "cabeça de trimestre" no jargão do mercado financeiro.
"Surpreendentemente a participação dos prefixados ficou estável, porque também houve um grande volume de emissão desses títulos", disse. Segundo ele, a demanda por esses papéis tem crescido por causa da estabilidade dos índices econômicos, principalmente da taxa de inflação.
A parcela da dívida prefixada ficou praticamente estável e passou de 32,83% em setembro para 32,85% em outubro. A parcela da dívida corrigida pela taxa básica de juros da economia, a Selic, caiu de 44,79% em setembro para 43,98% no mês passado.
A dívida corrigida pelo câmbio ficou negativa em 1,19% no mês passado, considerando os contratos de "swap" reverso. Isso significa que o governo ficou credor em dólares em outubro, no valor de US$ 12,64 bilhões.
Nos contratos de "swap" reverso, o governo paga aos investidores uma taxa de juros fixa e recebe em troca a variação que o dólar acumular no mesmo período. O títulos que são corrigidos pelo índice de preços ficaram em 22,13% do total da dívida em outubro. Em setembro, eram 21,51%.
O objetivo do governo é reduzir a parcela da dívida atrelada à taxa Selic e ao câmbio, para evitar variações nas contas públicas e dar mais previsibilidade aos gastos do governo com juros, já que o volume da dívida é crescente porque o país gasta mais do que arrecada. É para fechar essa conta que o governo contrai empréstimos por meio da emissão de títulos.

Alongamento
Outro objetivo do governo é alongar o prazo médio do estoque da dívida pública, que aumentou de 29,7 meses em setembro para 30,3 meses no mês passado.
O Tesouro anunciou ontem o resgate final dos títulos emitidos pelo Banco Central que ainda estão circulando no mercado. Ontem, venceu US$ 1,3 bilhão do último lote de notas do BC. Agora somente o Tesouro é responsável pelos resgates de títulos. O BC parou de emitir títulos em 2001, por causa de uma mudança determinada pela Lei de Responsabilidade Fiscal em 2002. A intenção é dar mais transparência e melhorar a gestão da dívida.


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