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Gastos com juros chegam a R$ 115 bilhões até outubro
Dívida pública tem pequena oscilação e continua acima de R$ 1 tri, diz Tesouro
Eleições de outubro não afetaram o mercado, afirma o coordenador da dívida; parcela de prefixados tem ligeira elevação no mês
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Até o mês passado, o governo
gastou R$ 115,1 bilhões para pagar os juros da dívida pública
interna, que somou R$ 1,063
trilhão. Na comparação com setembro, quando estava em R$
1,061 trilhão, a dívida ficou praticamente estável.
De acordo com o coordenador-geral da dívida, Ronnie Tavares, as eleições de outubro
não interferiram no mercado.
"Foi um "não-evento". Não houve oscilação, nem no mercado
internacional. Houve estabilidade na taxa de juros dos Estados Unidos, alta das Bolsas internacionais e pouca volatilidade", disse.
Em outubro, o Tesouro Nacional emitiu R$ 54,2 bilhões
em títulos públicos, mas resgatou R$ 61,2 bilhões. A maior
parte dos títulos que venceram
no mês passado, 73% do total,
foi de prefixados. O governo
vem se esforçando para aumentar a proporção desses papéis no total dos títulos porque
eles oferecem maior previsibilidade para os gastos com a dívida pública.
Tavares disse que esperava
que a proporção dos papéis prefixados caísse em outubro porque há concentração de vencimentos dos títulos, o que leva o
mês a ser qualificado de "cabeça de trimestre" no jargão do
mercado financeiro.
"Surpreendentemente a participação dos prefixados ficou
estável, porque também houve
um grande volume de emissão
desses títulos", disse. Segundo
ele, a demanda por esses papéis
tem crescido por causa da estabilidade dos índices econômicos, principalmente da taxa de
inflação.
A parcela da dívida prefixada
ficou praticamente estável e
passou de 32,83% em setembro
para 32,85% em outubro. A
parcela da dívida corrigida pela
taxa básica de juros da economia, a Selic, caiu de 44,79% em
setembro para 43,98% no mês
passado.
A dívida corrigida pelo câmbio ficou negativa em 1,19% no
mês passado, considerando os
contratos de "swap" reverso.
Isso significa que o governo ficou credor em dólares em outubro, no valor de US$ 12,64
bilhões.
Nos contratos de "swap" reverso, o governo paga aos investidores uma taxa de juros fixa e recebe em troca a variação
que o dólar acumular no mesmo período. O títulos que são
corrigidos pelo índice de preços
ficaram em 22,13% do total da
dívida em outubro. Em setembro, eram 21,51%.
O objetivo do governo é reduzir a parcela da dívida atrelada à
taxa Selic e ao câmbio, para evitar variações nas contas públicas e dar mais previsibilidade
aos gastos do governo com juros, já que o volume da dívida é
crescente porque o país gasta
mais do que arrecada. É para fechar essa conta que o governo
contrai empréstimos por meio
da emissão de títulos.
Alongamento
Outro objetivo do governo é
alongar o prazo médio do estoque da dívida pública, que aumentou de 29,7 meses em setembro para 30,3 meses no mês
passado.
O Tesouro anunciou ontem o
resgate final dos títulos emitidos pelo Banco Central que
ainda estão circulando no mercado. Ontem, venceu US$ 1,3
bilhão do último lote de notas
do BC. Agora somente o Tesouro é responsável pelos resgates
de títulos. O BC parou de emitir
títulos em 2001, por causa de
uma mudança determinada pela Lei de Responsabilidade Fiscal em 2002. A intenção é dar
mais transparência e melhorar
a gestão da dívida.
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