São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Reuniões do G20 revelam como a cooperação global deverá ser complexa

14.nov.08/France Presse
Bush discursa durante jantar na Casa Branca na véspera da cúpula do G20; Lula e o chinês Hu Jintao sentaram ao seu lado

DO "NEW YORK TIMES"

Quando o presidente George W. Bush recebeu líderes na Casa Branca, na noite de sexta-feira, para o que talvez tenha sido um dos últimos jantares formais de sua administração, o tópico era a fragilidade da economia mundial. Em contraponto à crise financeira, o cardápio farto incluía costelas de cordeiro assadas ao tomilho. Mas o mais interessante foi a distribuição dos convidados à mesa.
No Salão de Jantar de Estado, o lugar à direita de Bush tinha sido reservado para o presidente Lula, que tem se queixado de que países em desenvolvimento, como o Brasil, estão sendo "contaminados por problemas" que não criaram. À sua esquerda estava um líder munido de talão de cheques polpudo e do poder que o acompanha, o presidente da China, Hu Jintao.
Foi uma ilustração espantosa da maneira como a crise financeira, que se originou em Wall Street e se espalhou pelo planeta, vem refazendo a ordem econômica mundial. Ao insistir em que os países em desenvolvimento fossem incluídos na reunião de cúpula, Bush conferiu influência renovada a seus líderes, cada um dos quais chegou a Washington com agenda própria.
Mas caberá a um novo presidente dos EUA, Barack Obama, decidir como jogar com esses interesses. A declaração adotada pelos líderes no sábado prevê a realização de uma segunda cúpula apenas 101 dias após a posse de Obama.
Mas, em toda parte em Washington no fim de semana, enquanto comboios de automóveis pretos percorriam a cidade em alta velocidade e os melhores hotéis eram marcados com reveladoras barricadas policiais, havia sinais do desafio que Obama vai enfrentar. No elegante Willard InterContinental, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, dava entrevistas após a conferência.
Horas antes, ele estava brincando com Bush, saudando o presidente com um toque de punho contra punho, ao estilo de Obama, quando os líderes fizeram pose para a "foto de família" oficial da cúpula. Enquanto isso, no Washington Club, um clube particular requintado no Dupont Circle, o presidente da Rússia, Dmitri A. Medvedev, falava para uma multidão que lotava o Conselho de Relações Exteriores.
Medvedev tinha se mostrado especialmente combativo em relação aos Estados Unidos ao falar da economia. Mais cedo, na reunião de cúpula no Museu Nacional de Washington, os líderes conversaram animadamente durante o almoço sobre o livre comércio e as negociações comerciais internacionais. Lula fez um discurso acalorado sobre o que o mundo em desenvolvimento quer que o mundo desenvolvido faça.
Finda a sessão de fotos, Bush saudou os repórteres e ofereceu o gesto oficial de transmissão do cargo com ironia. "Alguns de vocês talvez ainda não tenham tomado conhecimento, mas estou prestes a me aposentar."

Tradução de CLARA ALLAIN


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