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TCU contesta balanço da evolução das obras
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatório do TCU (Tribunal
de Contas da União) aponta
que a Casa Civil infla o desempenho das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A auditoria do TCU diz
que, de 84 obras fiscalizadas em
2008, 38 (45%) estão com atraso maior do que o governo divulga, indicando maquiagem
do balanço do PAC.
A auditoria do TCU, publicada no mês passado no "Diário
Oficial" da União, não usa a expressão maquiagem, preferindo afirmar que a Casa Civil é
menos rigorosa na avaliação. A
Casa Civil negou maquiar o balanço do PAC.
"A diferença entre as avaliações do TCU e do Comitê Gestor do PAC se explica pelas [distintas] metodologias utilizadas.
Enquanto o comitê acompanha
as execuções física e financeira,
o TCU utiliza questões de padrão de auditoria [internas do
Tribunal]", diz a Casa Civil. A
auditoria do TCU informou
que usou os mesmos critérios
da Casa Civil para classificar o
andamento das obras.
Outro relatório do tribunal,
de março, já estranhava o Planalto informar, no segundo balanço do PAC, que 80% dos projetos estavam sob controle.
"A informação de que 80%
das ações estão dentro do cronograma e com riscos administrados causa certo espanto,
diante da baixa execução orçamentária", indicou o TCU.
Relator desse processo de
março, o ministro Benjamin
Zymler concluiu que "a afirmação de que 80% das ações do
PAC estão em dia não se coaduna, a princípio, com o fato de
que apenas 12% das dotações
previstas para 2007 no orçamento fiscal haviam sido liquidadas, quando passados mais
de dez meses daquele ano".
A dúvida, do início do ano, sobre a maquiagem no balanço do
PAC fez o TCU voltar ao assunto no relatório de outubro.
O tribunal fez uma comparação sobre o andamento das
obras "entre o ponto de vista da
Casa Civil e o do controle externo, representado pelas equipes
de auditoria do TCU".
A Casa Civil classifica o andamento das obras com selo verde (pequeno atraso), amarelo
(demora 30% superior ao prazo
de conclusão) ou vermelho
(significativo atraso e comprometimento irreversível da qualidade do empreendimento).
A equipe do TCU informa
que saiu a campo para fazer vistorias nas 84 obras do PAC.
Constatou que em 45 projetos a
avaliação da Casa Civil e dos auditores coincidiam.
Em apenas um item, a ampliação do aeroporto de Guarulhos (SP), a Casa Civil "foi mais
rigorosa" classificando-o com
selo vermelho, enquanto o
TCU aplicou o amarelo. Ou seja, o Planalto atribuiu desempenho melhor do que a auditoria do tribunal a 38 obras.
A lista de empreendimentos
cujo andamento difere da avaliação da Casa Civil não consta,
porém, do relatório de auditoria. O TCU informou que a lista
ainda é um documento interno
do órgão.
Além dos 84 projetos do PAC,
o TCU fiscalizou 69 obras públicas e encaminhou o relatório
ao Congresso Nacional, que
discute o Orçamento de 2009.
Os 153 empreendimentos fiscalizados envolvem dotações orçamentárias de R$ 26 bilhões e
48 deles (13 do PAC) têm irregularidades graves, o que recomenda sua paralisação.
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