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Ex-chefe da Cisco pode ser sócio da Mude
Planilha apreendida pela PF sugere que ex-executivo da empresa americana recebia percentual pela venda de produtos
Demitido pela Cisco, Carlos Carnevalli nega a acusação, que o colocaria entre os articuladores do esquema de fraude nas importações
DA REPORTAGEM LOCAL
A operação de busca e
apreensão na casa do executivo
José Roberto Pernomiam Rodrigues foi uma das mais produtivas para a Polícia Federal
entender como funcionavam
os negócios entre a Cisco e a
Mude. Papéis apreendidos com
Rodrigues apontam que o executivo Carlos Carnevali, que
presidiu a Cisco de 1994 até
2002, é sócio oculto da Mude.
Foi Carnevali quem trouxe a
Cisco para o Brasil e transformou a filial num dos negócios
mais rentáveis para a empresa
americana. Um documento
apreendido pela PF projeta um
faturamento de R$ 1 bilhão para a Cisco do Brasil.
A informação de que o ex-presidente da Cisco era sócio
da Mude coloca Carnevali como um dos articuladores das
fraudes nas importações, na interpretação do Ministério Público Federal. Se essa versão for
verdadeira, Carnevali ganharia
nas duas pontas do negócio
-receberia salário da Cisco e
uma participação nas vendas
que a Mude fazia dos produtos
da própria Cisco.
Outro documento apresenta
Carnevali como integrante do
conselho de administração da
Mude.
Uma planilha sugere que ele
recebia um percentual da Mude pelas vendas de produtos da
Cisco. O documento apresenta
uma lista de siglas dos executivos da Mude e a participação de
cada um nas vendas, segundo a
versão da PF e do Ministério
Público Federal. De acordo
com esse documento, CC (iniciais que correspondem às de
Carlos Carnevali) deteria
27,984% da Mude e recebeu
R$ 8,98 milhões por participação em vendas em um período
não definido na planilha.
As outras iniciais que aparecem na planilha coincidem
com os nomes dos diretores da
Mude. MS, por exemplo, são as
primeiras letras do nome de
Moacyr Sampaio, presidente
da Mude. FG são as iniciais de
Fernando Grecco, diretor de
marketing e de produtos da
empresa; MI, as de Marcelo
Ikeda, diretor comercial.
Carnevali negou ser sócio
oculto da Mude e contestou a
interpretação da PF de que CC
seriam as suas iniciais. Segundo ele, CC são as iniciais de conta corrente. Policiais que acompanharam as investigações da
Operação Persona dão gargalhadas da versão apresentada
pelo executivo.
A Cisco americana demitiu
Carnevali por justa causa no dia
3 de dezembro último, quando
ele estava na prisão em Tremembé, no Vale do Paraíba.
Desde 2002, quando deixou a
presidência da empresa no Brasil, Carnevali era responsável
pelos negócios da Cisco na
América do Sul.
A Cisco dos EUA acusa-o de
ser sócio da Mude e de romper
o código de conduta da companhia ao ser sócio oculto de um
distribuidor.
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