São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Ex-chefe da Cisco pode ser sócio da Mude

Planilha apreendida pela PF sugere que ex-executivo da empresa americana recebia percentual pela venda de produtos

Demitido pela Cisco, Carlos Carnevalli nega a acusação, que o colocaria entre os articuladores do esquema de fraude nas importações

DA REPORTAGEM LOCAL

A operação de busca e apreensão na casa do executivo José Roberto Pernomiam Rodrigues foi uma das mais produtivas para a Polícia Federal entender como funcionavam os negócios entre a Cisco e a Mude. Papéis apreendidos com Rodrigues apontam que o executivo Carlos Carnevali, que presidiu a Cisco de 1994 até 2002, é sócio oculto da Mude.
Foi Carnevali quem trouxe a Cisco para o Brasil e transformou a filial num dos negócios mais rentáveis para a empresa americana. Um documento apreendido pela PF projeta um faturamento de R$ 1 bilhão para a Cisco do Brasil.
A informação de que o ex-presidente da Cisco era sócio da Mude coloca Carnevali como um dos articuladores das fraudes nas importações, na interpretação do Ministério Público Federal. Se essa versão for verdadeira, Carnevali ganharia nas duas pontas do negócio -receberia salário da Cisco e uma participação nas vendas que a Mude fazia dos produtos da própria Cisco.
Outro documento apresenta Carnevali como integrante do conselho de administração da Mude.
Uma planilha sugere que ele recebia um percentual da Mude pelas vendas de produtos da Cisco. O documento apresenta uma lista de siglas dos executivos da Mude e a participação de cada um nas vendas, segundo a versão da PF e do Ministério Público Federal. De acordo com esse documento, CC (iniciais que correspondem às de Carlos Carnevali) deteria 27,984% da Mude e recebeu R$ 8,98 milhões por participação em vendas em um período não definido na planilha.
As outras iniciais que aparecem na planilha coincidem com os nomes dos diretores da Mude. MS, por exemplo, são as primeiras letras do nome de Moacyr Sampaio, presidente da Mude. FG são as iniciais de Fernando Grecco, diretor de marketing e de produtos da empresa; MI, as de Marcelo Ikeda, diretor comercial.
Carnevali negou ser sócio oculto da Mude e contestou a interpretação da PF de que CC seriam as suas iniciais. Segundo ele, CC são as iniciais de conta corrente. Policiais que acompanharam as investigações da Operação Persona dão gargalhadas da versão apresentada pelo executivo.
A Cisco americana demitiu Carnevali por justa causa no dia 3 de dezembro último, quando ele estava na prisão em Tremembé, no Vale do Paraíba. Desde 2002, quando deixou a presidência da empresa no Brasil, Carnevali era responsável pelos negócios da Cisco na América do Sul.
A Cisco dos EUA acusa-o de ser sócio da Mude e de romper o código de conduta da companhia ao ser sócio oculto de um distribuidor.


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