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Apesar de cenário negativo, Orçamento mantém despesas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo com a piora das previsões para o crescimento econômico, o Congresso deverá
aprovar hoje o Orçamento de
2009 com praticamente o mesmo volume de despesas federais previstas no projeto apresentado pelo Executivo em
agosto, antes da piora da crise
financeira global.
Os parlamentares reduziram
de 4,5% para 3,5% a estimativa
de expansão do Produto Interno Bruto no próximo ano, com
conseqüente perda na arrecadação de impostos. A redução
programada de gastos, porém,
acabou em cerca de R$ 2 bilhões, ou 0,4% da receita prevista -o que deve levar o Executivo a promover novo ajuste
em janeiro, após a sanção da lei
orçamentária.
Nos últimos dias, anunciavam-se cortes na casa dos R$ 11
bilhões na versão final do projeto, cujo texto-base, elaborado
pelo senador Delcídio Amaral
(PT-MS), foi aprovado ontem
pela Comissão de Orçamento
do Congresso. No entanto, os
números estavam inflados por
meros cancelamentos de acréscimos que deputados e senadores pretendiam introduzir nas
despesas.
Também estava contabilizado no volume de cortes uma
queda de R$ 4,7 bilhões na estimativa de transferências obrigatórias a Estados e municípios, que é calculada como um
percentual fixo da arrecadação
de Imposto de Renda e IPI.
Tratava-se apenas de um ajuste
do valor às novas previsões de
receita para os dois tributos.
De concreto, o Congresso reduziu em R$ 2,7 bilhões a receita líquida (ou seja, descontadas
as parcelas repassadas automaticamente a Estados e municípios) da União, na comparação
com a versão original do projeto. Ainda que seja pouco diante
dos números totais do Orçamento, é a primeira redução da
estimativa pelo Congresso desde o Plano Real.
As perdas, como é óbvio, têm
relação direta com a crise econômica. Com a expectativa de
menos lucros e reajustes salariais, caem as previsões de arrecadação do IR e da CSLL. A retração do consumo significará
menos IPI, PIS e Cofins. A queda livre das cotações do petróleo fez despencar as projeções
de receita com royalties.
O único tributo com previsão
de alta importante é o Imposto
de Importação, graças à valorização do dólar.
Os efeitos da crise também
explicam por que as despesas
não precisaram ser tão reduzidas quanto as receitas. Com a
projeção de crescimento econômico menor, a meta de superávit primário (a parcela da arrecadação destinada ao abatimento da dívida pública), equivalente a 2,2% do PIB, ficou R$
700 milhões menor. Novos
ajustes no Orçamento são quase certos após a sanção da lei.
(GUSTAVO PATU)
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