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Comércio sente crédito menor e tem 1ª queda em sete meses
Vendas caem em setembro sob impacto dos setores de veículos e eletrodomésticos
Em relação a outubro de 2007, vendas sobem 10,1%; IBGE afirma que ainda
não é possível precisar
efeitos da crise no setor
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Já com alguns setores sob
efeito negativo da crise financeira internacional, o volume
de vendas do comércio varejista caiu 0,3% de setembro para
outubro na taxa livre de influências sazonais -a primeira
retração em sete meses, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Em relação a outubro de
2007, porém, as vendas seguem
firmes: houve expansão de
10,1%, a maior marca para tal
mês do ano desde o início da série da pesquisa, em 2001. No
acumulado do ano, o comércio
registra alta de 10,4%.
Ao menos quatro ramos do
comércio já sentiram em outubro o reflexo da crise financeira, que provocou a contração
do crédito na comparação com
setembro, quando os impactos
da turbulência não se faziam
ainda presentes no varejo.
São eles: móveis e eletrodomésticos (queda de 0,9% de setembro para outubro); tecidos,
vestuário e calçados (-4,4%);
material de construção (-1,9%)
e veículos (-19%). Esses dois últimos não integram o índice do
comércio varejista, pois vendem seus produtos também no
atacado.
Para o economista Carlos
Thadeu de Freitas, da CNC
(Confederação Nacional do Comércio), é "claro" o impacto da
crise no caso de automóveis e
material de construção, setores
dependentes do crédito -caro
e escasso desde setembro.
Ele diz, porém, que no caso
de eletrodomésticos e vestuário o aperto do crédito já pode
ter tido efeito, mas não está claro se a retração não reflete só
um movimento passageiro.
Segundo Reinaldo Pereira,
economista do IBGE, o recuo
das vendas do comércio em outubro foi "pontual". "Precisamos aguardar mais resultados
para ver os reflexos da crise."
Ele enxerga, no entanto, um
contágio da crise do crédito na
compra de carros, que despencaram em outubro -tendência
verificada também em novembro e no início deste mês.
"Não dá para medir ainda a
extensão da crise. Até porque o
governo tomou medidas para
conter seus efeitos, como as facilidades de crédito dos bancos
públicos e a redução das alíquotas do IR com o objetivo de estimular o consumo."
Para Freitas, a massa salarial
segue em alta, o que tende a
sustentar o varejo no ano.
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