São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

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Comércio sente crédito menor e tem 1ª queda em sete meses

Vendas caem em setembro sob impacto dos setores de veículos e eletrodomésticos

Em relação a outubro de 2007, vendas sobem 10,1%; IBGE afirma que ainda não é possível precisar efeitos da crise no setor


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Já com alguns setores sob efeito negativo da crise financeira internacional, o volume de vendas do comércio varejista caiu 0,3% de setembro para outubro na taxa livre de influências sazonais -a primeira retração em sete meses, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em relação a outubro de 2007, porém, as vendas seguem firmes: houve expansão de 10,1%, a maior marca para tal mês do ano desde o início da série da pesquisa, em 2001. No acumulado do ano, o comércio registra alta de 10,4%.
Ao menos quatro ramos do comércio já sentiram em outubro o reflexo da crise financeira, que provocou a contração do crédito na comparação com setembro, quando os impactos da turbulência não se faziam ainda presentes no varejo.
São eles: móveis e eletrodomésticos (queda de 0,9% de setembro para outubro); tecidos, vestuário e calçados (-4,4%); material de construção (-1,9%) e veículos (-19%). Esses dois últimos não integram o índice do comércio varejista, pois vendem seus produtos também no atacado.
Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), é "claro" o impacto da crise no caso de automóveis e material de construção, setores dependentes do crédito -caro e escasso desde setembro.
Ele diz, porém, que no caso de eletrodomésticos e vestuário o aperto do crédito já pode ter tido efeito, mas não está claro se a retração não reflete só um movimento passageiro.
Segundo Reinaldo Pereira, economista do IBGE, o recuo das vendas do comércio em outubro foi "pontual". "Precisamos aguardar mais resultados para ver os reflexos da crise."
Ele enxerga, no entanto, um contágio da crise do crédito na compra de carros, que despencaram em outubro -tendência verificada também em novembro e no início deste mês.
"Não dá para medir ainda a extensão da crise. Até porque o governo tomou medidas para conter seus efeitos, como as facilidades de crédito dos bancos públicos e a redução das alíquotas do IR com o objetivo de estimular o consumo."
Para Freitas, a massa salarial segue em alta, o que tende a sustentar o varejo no ano.


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