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Foco
"Não queríamos dar essa notícia, mas o contrato
de vocês será rescindido"
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E EM SAPUCAIA DO SUL
Apesar de a crise internacional ter atingido em cheio o
setor automobilístico, Daibert Novaes da Silva, 26, trabalhava despreocupado na
GM de São José dos Campos
(91 km de SP) na segunda-feira, quando, por volta das 14h,
diretores pediram a todos os
funcionários contratados por
prazo determinado que fossem à sala de reunião.
"Eu estranhei aquilo. Então eles anunciaram: "Não
queríamos dar essa notícia,
mas o contrato de vocês será
rescindido". Foi um choque."
A rescisão deu fim à felicidade que havia tomado conta da
família desde julho de 2008,
quando, após seis meses de
desemprego, Silva foi selecionado para uma das 600 vagas,
com salário de R$ 1.200.
Ele foi uma das 744 vítimas
do primeiro corte em massa
de uma montadora de carros
instalada no país após o agravamento da crise mundial. A
empresa decidiu encerrar os
contratos com vencimento
em julho em razão da queda
nas vendas.
Em Sapucaia do Sul (RS),
desde terça, Marcelo Bocker,
30, passou a preencher parte
de suas manhãs e tardes procurando emprego na internet. A rotina começou no dia
seguinte à demissão de 40
funcionários da unidade da
Gerdau na cidade.
Com sete anos de casa, Bocker diz ter tomado um susto
quando soube que estava entre os demitidos. "Me deixaram na mão. Gastei nas férias
e paguei dívidas de forma
adiantada porque a Gerdau
tinha dito que manteria todo
mundo." A Gerdau nega.
Bocker, que trabalhava em
um forno que derretia sucata
a 1.600C, diz ser pouco provável conseguir um novo trabalho no setor de aço. Sem o
salário de R$ 2.000, a família
dependerá do seguro-desemprego e do salário da mulher.
Estresse
Após 32 anos prestando
serviços para a Vale, o técnico
em mecânica Luiz Citty, 50,
que trabalhava na oficina de
caminhões em Itabira (MG),
foi dispensado. "O gerente
disse que eu, como mais velho, tinha que sair. Me senti
discriminado", conta.
Foram demitidos mais de
60 funcionários. Outros 1.500
terceirizados foram dispensados, segundo o sindicato. A
justificativa da Vale foi a crise, que, de acordo com Citty,
só apareceu nas reuniões em
outubro. "Trabalhamos uns
50 dias extremamente estressados. Colegas tiveram que se
afastar por problemas de saúde. Eu tive que tomar calmantes para dormir."
(FÁBIO AMATO, GRACILIANO ROCHA e CRISTINA MORENO DE CASTRO)
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