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Leasing para carro perde força, e comprador prefere crédito direto
Principal vantagem do CDC é que o consumidor pode antecipar as prestações
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Romário Castro da Silva é um dos milhares
de consumidores que compraram um carro por meio de leasing, modalidade de financiamento que triplicou em apenas
dois anos e chegou a representar quase metade das vendas a
prazo do setor automotivo.
Agora, esse movimento dá sinais de esgotamento, devido a
alterações nas condições de financiamento e na estratégia
dos próprios bancos que atuam
nesse segmento.
O caso de Silva explica, em
parte, essa mudança. Há dois
anos, ele fez um leasing automotivo, que na época oferecia
prestação bem menor em relação ao tradicional CDC (Crédito Direto ao Consumidor). Agora, ao ajudar sua noiva na compra de um carro zero, encontrou condições mais semelhantes nas duas modalidades e avaliou que o crédito direto seria
mais vantajoso.
"Vamos fazer o CDC. Da outra vez, fiquei amarrado ao leasing e não pude antecipar as
prestações para ter desconto
no pagamento", afirmou o empresário, citando uma das principais diferenças entre as duas
modalidades.
O leasing, também chamado
de arrendamento mercantil,
funciona como uma espécie de
empréstimo. O bem fica registrado no nome da instituição financeira, e o consumidor, ou
empresa, paga uma prestação
por determinado período para
utilizá-lo. Ao final do contrato,
tem a opção de comprá-lo.
Como o risco de inadimplência é menor e não há cobrança
de IOF, a prestação tende a ser
menor que a do CDC. Por outro
lado, o cliente não tem a opção
de adiantar o pagamento das
prestações para reduzir a dívida e tem de cumprir um contrato de pelo menos dois anos.
Até 2008, a diferença entre
as prestações nas duas modalidades era grande, por isso, poucos consumidores se preocupavam em avaliar melhor a questão financeira e acabavam optando pelo leasing. Hoje, porém, as condições de financiamento oferecidas pelos bancos
reduziram muito a diferença, o
que devolveu, em alguns casos,
a competitividade ao CDC.
Estratégia
De acordo com o presidente
da Anef (associação que reúne
os bancos das montadoras),
Luiz Montenegro, essa mudança de custos reflete alterações
tributárias e de estratégia das
instituições financeiras. Alguns
bancos podem estar captando
recursos mais caros para atividades de arrendamento e repassando esse aumento.
Há ainda a questão de manter o equilíbrio nas duas opções
de financiamento. "Um banco
que já tem uma carteira de leasing muito grande pode querer
diluir esse negócio e oferecer ao
público um CDC mais barato,
reduzindo sua margem [de lucro] nessa área. É o custo da
operação que determina essa
dinâmica", afirmou.
A mudança de tendência verificada em 2009 também reflete a redução na alíquota do
IOF para operações de crédito,
o que encurtou a distância entre o leasing e o crédito direto.
O comerciante Cléber Conceição, por exemplo, optou pelo
CDC ao verificar que a diferença na prestação de um Uno Mille era inferior a R$ 20. "O leasing é até mais barato, mas no
CDC posso antecipar as parcelas e ganhar um desconto."
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