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Medidas para evitar cortes são paliativas
da Reportagem Local
As recentes negociações entre
empresas, empregados e o governo sobre formas alternativas de relações de trabalho, como a flexibilização da jornada, são apenas paliativos contra o desemprego crescente, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Se há divergência entre eles sobre
qual o tipo de medida ideal para
evitar demissões em massa, a
maioria concorda que a melhor
solução contra o desemprego é o
crescimento econômico acentuado -bem maior do que o verificado nesta década.
É justamente nesse período, entre 1990 e 1997, que o desemprego
quase dobrou no país.
Para o economista Márcio Pochmann, professor da Unicamp e diretor-executivo do Cesit (Centro
de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), o fator fundamental de geração de emprego é a
política macroeconômica.
"As medidas debatidas atualmente são importantes dentro de
um contexto de ampliação do emprego assalariado. Em períodos de
recessão, a redução de jornada,
por exemplo, pode no máximo
evitar demissões", afirma Pochmann.
De acordo com o economista da
Unicamp, mesmo as discussões
sobre o mercado de trabalho estão
restritas à qualificação profissional e à redução de custo da
mão-de-obra para o empregador.
"Não se discute porque o mercado de trabalho está funcionado
desse jeito", opina.
Medo de contratar
O projeto de contrato de trabalho por tempo determinado aprovado no Senado na semana passada, que reduz o custo de contratação do trabalhador temporário,
traz vantagens e desvantagens,
afirma Walter Barelli, secretário
do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo.
"O contrato por tempo determinado faz o empresário perder o
medo de contratar e legaliza o banco de horas, mas cria uma distinção entre trabalhadores", afirma o
secretário.
Segundo Barelli, a melhor opção
seria o contrato coletivo, pelo qual
a empresa e os trabalhadores definem qual será a relação trabalhista
e todos os seus detalhes e regulamentações.
"Acordos que interessam às
partes muitas vezes não podem ser
aplicados devido às leis. O acordo
da Volkswagen com os metalúrgicos seguiu a linha do contrato coletivo", declara o secretário do governo paulista.
A CUT (Central Única dos trabalhadores), por exemplo, defende a
redução da jornada de trabalho
como forma de evitar demissões.
Já a Força Sindical, em acordo
recente com os fabricantes de autopeças, defendeu a redução tanto
da jornada de trabalho e como dos
salários.
No ramo da construção civil,
empresas e trabalhadores discutem a criação de um banco de horas, semelhante ao mecanismo
adotado pelas montadoras.
Construção civil
Em recentes negociações, representantes dos trabalhadores e das
empresas avaliam a viabilidade da
implementação de um sistema de
"lay off" parecido com o mecanismo adotado nos Estados Unidos.
Pelo sistema, em épocas de baixa
atividade econômica, o trabalhador não é demitido e recebe uma
parte do salário.
No Brasil, a construção civil discute associar a isso programas de
qualificação profissional, que o
trabalhador frequentaria enquanto permanecesse ocioso.
Governo
O governo também poderia dar
maior colaboração para combater
o desemprego, segundo o secretário Barelli.
"O financiamento das políticas
sociais do governo poderiam ser
tiradas da folha de pagamento",
exemplifica Barelli.
Da mesma forma, acrescenta, a
política macroeconômica também
pode ser pensada em função do
emprego.
(ME)
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