São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2007

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Empresas na Bolsa já são 74% do PIB

Em 1998, proporção era de 22%; mercado de capitais torna-se a maior fonte de financiamento de longo prazo da economia

Captações no ano passado foram mais que o dobro do emprestado pelo BNDES e indicam que empresário depende menos do Estado

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O mercado de capitais no Brasil se tornou a principal fonte de financiamento de recursos de longo prazo das empresas. O total captado pelo mercado superou, pelo segundo ano consecutivo, os empréstimos do BNDES, que sempre foi considerado a principal porta de acesso ao dinheiro de longo prazo do país.
Em 2006, o valor total das captações no mercado somou R$ 109,54 bilhões, mais do que o dobro dos R$ 52,3 bilhões financiados pelo BNDES. Ou seja, o mercado financiou o correspondente a 5,5% do PIB, enquanto os empréstimos do BNDES representaram 2,6% do PIB. Em 2005, o mercado captou R$ 61 bilhões. O BNDES emprestou R$ 47,1 bilhões.
Os números mostram que o mercado de capitais ganha cada vez mais musculatura. O valor das empresas negociadas em Bolsa atingiu em 2006 R$ 1,5 trilhão, equivalente a 74% do PIB, recorde histórico no país.
O crescimento é impressionante, se for levado em conta que, até pouco tempo atrás, a participação das Bolsas no PIB era insignificante. Em 1998, o mercado representava 22% do PIB, e, em 2002, 33% do PIB. O Brasil se aproxima dos países ricos, embora a diferença ainda seja grande. Nos principais mercados, o valor das empresas negociadas em Bolsa fica entre 120% e 150% do PIB.
O presidente da Bovespa (Bolsa de São Paulo), Raymundo Magliano, afirma que o que ocorre no mercado de capitais é uma revolução invisível na economia brasileira. Trata-se, a seu ver, de uma mudança cultural do empresário brasileiro. "As empresas brasileiras estão aprendendo a ficar menos dependentes do Estado", diz.
O presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Marcelo Trindade, concorda que o momento é mesmo excepcional, mas diz que há ainda espaço para crescer mais. "Quanto melhor o marco regulatório dos setores de infra-estrutura, mais dinheiro virá para o setor", diz. "Mas é bom agir rápido. O excesso de liquidez não dura para sempre."
As vantagens de o empresário buscar o mercado de capitais são inúmeras. Além de diminuir a dependência do Estado, isso ajuda a reduzir a informalidade, já que, para ter acesso à Bolsa, é indispensável que as empresas estejam na formalidade. "As empresas começam a concluir que é melhor serem formais para terem acesso aos recursos do mercado de capitais", afirma Magliano.


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