|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Caixa fará seguro para garantir fundo com recurso do FGTS
Para não contrariar normas vigentes, custo com proteção
não será repassado ao FGTS, e sim assumido pelo banco
Seguro, porém, não valerá
para trabalhador que quiser
aplicar no
fundo de infra-estrutura os recursos que possui
na conta individual
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Caixa Econômica Federal
deverá arcar com o custo de
contratação do seguro que garantirá um retorno mínimo nas
aplicações feitas pelo novo fundo de investimento em infra-estrutura criado pelo governo
com dinheiro do FGTS. Essa
despesa, no entanto, não poderá ser repassada para o FGTS.
Essa foi a saída apresentada
pelos técnicos da área econômica aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Luiz Marinho
(Trabalho) para atender à determinação do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Essa garantia, porém, não deverá ser estendida aos trabalhadores que quiserem aplicar
parte do saldo que têm na conta
pessoal junto ao FGTS nesse
novo fundo.
A idéia é garantir apenas que
os R$ 5 bilhões que sairão do
patrimônio líquido do FGTS
para financiar obras de infra-estrutura não virem pó caso
elas fracassem. Os trabalhadores, quando forem autorizados
a investir no fundo, terão que
assumir o risco de perdas.
Depois da pressão das lideranças sindicais, Lula pediu
que o ministro Mantega encontrasse uma saída para o impasse, que pode inviabilizar a aprovação do novo fundo no Congresso. O fundo de investimento em infra-estrutura é uma das
medidas que constam do PAC
(Programa de Aceleração de
Crescimento).
Proibição
Os técnicos passaram os últimos dias debruçados nas normas atualmente em vigor em
busca de uma saída que atenda
a essa exigência.
Segundo informaram à Folha membros da equipe econômica, as regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
e do BC (Banco Central) em vigor vedam que o gestor de um
fundo de investimento banque
o risco de perdas, ressarcindo
os cotistas no caso de prejuízos.
Também proíbem o administrador de usar os recursos do
próprio fundo de investimento
para pagar "seguro contra perdas financeiras".
Assim, como gestora do novo
fundo de infra-estrutura, a Caixa Econômica não poderá se
responsabilizar por possíveis
perdas. Segundo técnicos do
governo, essa é uma norma
prudencial para resguardar a
saúde das instituições financeiras e foi criada após a desvalorização do real, em janeiro de
1999, no auge da crise dos bancos Marka e FonteCindam.
Na época, alguns fundos
-administrados por esses bancos que tiveram problema de
caixa- tinham a garantia de
ressarcimento.
Já a instrução 411 da CVM
veda vários pontos defendidos
pelo governo. Entre eles: "Prometer rendimento predeterminado aos cotistas" e "utilizar recursos do fundo para pagamento de seguro contra perdas financeiras de cotistas".
O normativo também estabelece os serviços que serão remunerados pela taxa de administração, cobrada pela instituição que aplica os recursos
em nome do cliente. E não inclui seguro.
Seguro
A saída, explicam, é seguir o
modelo já existente no mercado. Assim, a Caixa compraria
um seguro de uma empresa do
ramo. Como não poderá repassar para o valor da taxa de administração, transferindo o
custo para o FGTS, ela terá que
reduzir a sua remuneração.
É o que faz, por exemplo, o
banco Santander. A instituição
lançou um fundo de investimento que garante ao cliente
que ele poderá resgatar depois
de um determinado período o
valor aplicado originalmente,
acrescido de, no mínimo, o rendimento da poupança.
Para isso foi feito um seguro
e a taxa de administração do
banco encolheu. Com a estratégia, o banco aposta que a redução será compensada por um
volume maior de operações.
Texto Anterior: Luciano Coutinho: Soberania ou ioiô? Próximo Texto: Fazenda vê 10% como patamar correto para a taxa nominal de juros no país Índice
|