São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2007

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Reservas na América do Sul disparam

Em seis meses, "estoques" nos principais países da região atingem níveis recordes e sobem 24%, para US$ 214 bilhões

Valorização dos preços de commodities, que elevam o saldo comercial dos países, e intervenções no câmbio ajudam a explicar aumento

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com base em dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e de bancos centrais mostra que os níveis de reservas internacionais registram recordes nos principais países da América do Sul, como Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia.
Nos últimos seis meses, as reservas na América do Sul cresceram 24% e somaram US$ 214 bilhões. A conta exclui países como Equador, Paraguai e Guianas. Nesse período, o Brasil foi o país com ritmo de crescimento mais elevado, de 39%, com as freqüentes intervenções do BC para evitar que o dólar fique ainda mais barato. No fim de 2006, o país tinha US$ 85,8 bilhões em reservas.
A Argentina aparece com o segundo maior crescimento, de 38%, e reservas que somavam US$ 32,4 bilhões em 2006.
Segundo Ana Claudia Alem, assessora da presidência do banco, o sistema mais comum é o de "flutuação suja", em que o BC intervém para garantir a cotação desejável para o país. "O crescimento das reservas tem a ver com o desempenho comercial. A América do Sul tem sido privilegiada pelo aumento da demanda por commodities, que elevou as exportações."
Um dos indicadores usados para medir a adequação da disponibilidade de divisas é a relação entre as importações e a quantidade de reservas, calculada em número de meses de importação. Os países com maior quantidade de reservas, sob essa ótica, são Venezuela, com 14 meses de importação, Peru (14), Bolívia (13), Argentina (12) e Brasil (11).
As reservas funcionam como um seguro contra crises cambiais. Com mais dinheiro em caixa, os países apresentam margem de manobra maior para lidar com eventuais fugas de capital financeiro.
O custo de aquisição de reservas nos últimos anos caiu com taxas de juros inferiores ao padrão histórico. Além disso, a diferença entre os juros dos títulos da dívida externa paga pelos países da América do Sul e a dívida dos EUA está no nível mais baixo já registrado.
"O cenário para a América do Sul em 2007 é muito positivo porque os EUA vão continuar crescendo, o Japão e a União Européia deram sinais de dinamismo. Com o crescimento acelerado de China e Índia, a demanda por commodities deve continuar em alta", disse.
Dados preliminares da Cepal mostram que o saldo em conta corrente da América Latina e do Caribe foi de US$ 51,3 bilhões em 2006, um crescimento de 43% em relação a 2005 e uma reversão ante o déficit de US$ 13,7 bilhões em 2002.
O estudo mostra ainda que os países com crescimento econômico mais acelerado são os que conseguiram reduzir em ritmo mais rápido o desemprego.
Na Argentina, a taxa de desemprego passou de 17,3% em 2003 para 10,4% no ano passado, e, na Venezuela, de 18% para 9,8%. Na média do ano passado, a mesma taxa no Brasil ficou em 10% em 2006.


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