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Reservas na América do Sul disparam
Em seis meses, "estoques" nos principais países da região atingem níveis recordes e sobem 24%, para US$ 214 bilhões
Valorização dos preços de commodities, que elevam o saldo comercial dos países, e intervenções no câmbio ajudam a explicar aumento
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Estudo do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) com base
em dados da Cepal (Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe) e de bancos
centrais mostra que os níveis
de reservas internacionais registram recordes nos principais
países da América do Sul, como
Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia.
Nos últimos seis meses, as reservas na América do Sul cresceram 24% e somaram US$ 214
bilhões. A conta exclui países
como Equador, Paraguai e
Guianas. Nesse período, o Brasil foi o país com ritmo de crescimento mais elevado, de 39%,
com as freqüentes intervenções do BC para evitar que o dólar fique ainda mais barato. No
fim de 2006, o país tinha US$
85,8 bilhões em reservas.
A Argentina aparece com o
segundo maior crescimento, de
38%, e reservas que somavam
US$ 32,4 bilhões em 2006.
Segundo Ana Claudia Alem,
assessora da presidência do
banco, o sistema mais comum é
o de "flutuação suja", em que o
BC intervém para garantir a cotação desejável para o país. "O
crescimento das reservas tem a
ver com o desempenho comercial. A América do Sul tem sido
privilegiada pelo aumento da
demanda por commodities,
que elevou as exportações."
Um dos indicadores usados
para medir a adequação da disponibilidade de divisas é a relação entre as importações e a
quantidade de reservas, calculada em número de meses de
importação. Os países com
maior quantidade de reservas,
sob essa ótica, são Venezuela,
com 14 meses de importação,
Peru (14), Bolívia (13), Argentina (12) e Brasil (11).
As reservas funcionam como
um seguro contra crises cambiais. Com mais dinheiro em
caixa, os países apresentam
margem de manobra maior para lidar com eventuais fugas de
capital financeiro.
O custo de aquisição de reservas nos últimos anos caiu
com taxas de juros inferiores ao
padrão histórico. Além disso, a
diferença entre os juros dos títulos da dívida externa paga pelos países da América do Sul e a
dívida dos EUA está no nível
mais baixo já registrado.
"O cenário para a América do
Sul em 2007 é muito positivo
porque os EUA vão continuar
crescendo, o Japão e a União
Européia deram sinais de dinamismo. Com o crescimento
acelerado de China e Índia, a
demanda por commodities deve continuar em alta", disse.
Dados preliminares da Cepal
mostram que o saldo em conta
corrente da América Latina e
do Caribe foi de US$ 51,3 bilhões em 2006, um crescimento de 43% em relação a 2005 e
uma reversão ante o déficit de
US$ 13,7 bilhões em 2002.
O estudo mostra ainda que os
países com crescimento econômico mais acelerado são os que
conseguiram reduzir em ritmo
mais rápido o desemprego.
Na Argentina, a taxa de desemprego passou de 17,3% em
2003 para 10,4% no ano passado, e, na Venezuela, de 18% para 9,8%. Na média do ano passado, a mesma taxa no Brasil ficou em 10% em 2006.
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