São Paulo, segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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Bovespa sobe, e investidor vende ações

Recuperação da Bolsa leva aplicador a se desfazer dos papéis para lucrar

Saldo das operações de pessoa física no mês está negativo em R$ 846,02 mi; fundos de ações também têm perdido aplicações

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A recuperação ensaiada pela Bolsa de Valores de São Paulo neste mês levou muito investidor pessoa física a aproveitar para se desfazer de ações e embolsar algum lucro. Tanto que o saldo das operações feitas pela categoria na Bolsa passou a ser negativo no mês.
Dados da própria Bolsa mostram que o saldo dos negócios do investidor pessoa física está negativo em R$ 846,02 milhões no mês, até o dia 13. Isso significa que a categoria mais vendeu do que comprou ações no período. Ou seja, se, em janeiro, que foi o pior mês para a Bovespa desde maio de 2006, o investidor de varejo se manteve calmo, não correndo para vender ações, em fevereiro essa história mudou. A Bolsa caiu 6,88% no primeiro mês do ano.
Com a Bovespa entrando em ritmo de alta -chegou a acumular valorização mensal de 5,21% no último dia 13-, investidores aproveitaram para recuperar parte das perdas sofridas com as baixas do mercado acionário no mês anterior.
O balanço das operações de janeiro mostrou que naquele mês a pessoa física mais comprou que vendeu ações no montante de R$ 2,31 bilhões.
"Muita gente aproveita a melhora do mercado para realizar um pouco de lucro", avalia Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros. "Especialmente os novos investidores, que estão desacostumados, acabam se assustando com as oscilações da Bolsa", diz.

Fundos de ações
Os fundos de ações também sentiram movimento parecido. A captação líquida (diferença entre aplicações e saques) da categoria marcava resultado negativo de R$ 174,85 milhões neste mês, até o dia 11. Em janeiro, a captação desses fundos foi positiva em R$ 319,78 milhões, como revela levantamento realizado pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
"A Bolsa de Valores tem dado muita chance para as pessoas saírem", diz o administrador de investimentos Fábio Colombo. "A alta recente serviu para muitos equilibrarem suas aplicações", afirma.
Colombo lembra que muito investidor acabou se empolgando com a Bolsa e "colocou parcelas muito elevadas de suas economias em ações".

Maior interesse

A participação do investidor pessoa física nas operações da Bovespa não está em seu pico. Mas isso decorre mais de uma movimentação mais forte de outros segmentos do que de uma diminuição de interesse do pequeno investidor. O segmento representa atualmente 24% do total das operações realizadas. O ano mais representativo foi o de 2004, quando a categoria respondeu por 27,5% dos negócios.
Se for considerado o número total de pessoas físicas que operam na Bolsa, a cifra só aumentou nos últimos tempos.
Os 255,77 mil investidores pessoa física cadastrados na CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) em junho do ano passado, passaram a ser 456,55 mil em dezembro. Em janeiro, essa cifra havia se elevado para 466,83 mil contas cadastradas.
O maior número de estréias de ações na Bolsa -os IPOs (oferta inicial de ações) mais que dobraram em 2007, chegando a 64- trouxe junto novos investidores. O IPO de maior destaque, no que diz respeito à valorização na estréia, foi o da Bovespa Holding, cujas ações subiram 52,13% em seu primeiro pregão.
Além de aplicar mais diretamente na Bolsa, o pequeno investidor tem buscado se juntar a seus pares. Assim, criam um clube de investimento, somam suas economias e aplicam juntos nas ações.
Em janeiro, houve o surgimento de 85 novos clubes, o maior número registrado em um mês. Hoje há 2.236 desses clubes cadastrados na Bovespa. Em dezembro, o patrimônio líquido deles totalizava R$ 14,78 bilhões, com mais de 154 mil cotistas inscritos.


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