UOL


São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE NO AR

Empresa descarta "ultimato" do governo e pede crédito para combustível

Varig quer o BNDES como avalista

Roosevelt Cássio/Folha Imagem
Jatos da Varig estacionados no aeroporto de Congonhas em São Paulo; empresa discute fusão


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do conselho de administração da FRB-Par (holding que controla a Varig), Gilberto Rigoni, afirmou ontem que a empresa pedirá ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que seja avalista de uma linha de crédito para a compra de combustível da BR.
Segundo Rigoni, a medida foi acertada em reunião anteontem com o ministro José Viegas Filho (Defesa). Também ficou acordado que a Varig enviará ao banco toda a documentação referente à proposta de fusão com a TAM, detalhando em que fase está o processo.
De acordo com Rigoni, a falta de crédito para a compra de combustível é o maior problema enfrentado pela empresa. A companhia paga R$ 5,4 milhões por dia pelo querosene que utiliza em suas aeronaves e mais R$ 3,5 milhões mensais de uma antiga dívida renegociada.
Rigoni disse que a empresa precisa de 30 a 45 dias para pagar à BR. Assim, o BNDES garantiria a linha de financiamento, que, considerando o prazo solicitado, poderia chegar a R$ 240 milhões.
"Como estamos com dificuldades de caixa, o pagamento diário representa um aperto muito forte. Tivemos inclusive de atrasar salários", afirmou.
Ao explicar o apoio pleiteado ao BNDES, Rigoni disse: "A BR tem seus compromissos e haveria uma espécie de aval do banco. O BNDES poderia dar cobertura. É uma forma de nos ajudar".
A carta consulta ao banco formalizando o pedido seria enviada, segundo o executivo, ontem.
A BR informou que a Varig tem pago em dia os R$ 5,4 milhões e que a empresa já tem uma linha de crédito de R$ 40 milhões, o que dá um prazo de dez dias. A distribuidora afirmou ainda que a empresa já quitou o combustível que usará durante o feriado da Páscoa, garantindo a operação da Varig. Esse pagamento havia sido colocado em dúvida pela própria companhia aérea.
Sobre a fusão com a TAM, Rigoni nega que tenha havido um ultimato do governo, que enxerga na operação a única saída para a crise da Varig.
Rigoni é titubeante na sua posição em relação à união das empresas. Diz que não é algo "tão simples de se resolver" e que o fato de as duas aéreas já estarem compartilhando vôos "não tem nada relacionado com a fusão".
A postura contraria o memorando de entendimentos firmado no início do ano pelas empresas, pelo qual essa seria a primeira etapa para a fusão.
Rigoni está no centro de uma disputa de poder interno na Fundação Rubem Berta, que controla a Varig e as demais companhias do grupo por meio da FRB-Par.
De um lado, estão ele e mais três curadores que não são simpáticos à fusão e que tentam evitar que a fundação perca o controle da Varig. De outro, outros três curadores vêem na operação a única solução e querem uma gestão profissional -sem interferência da fundação- na FRB-Par.
Anteontem, a briga fez a primeira baixa: o presidente da Varig, Manuel Guedes, pediu demissão. O motivo foram as divergências com a FRB-Par sobre a associação com a TAM, defendida por ele.
Rigoni disse não ser "contra absolutamente nada", mas os termos da fusão têm de ser analisados antes de uma definição. Logo em seguida, afirmou que "não é justo acabar com a empresa e entregar o controle a terceiros".


Texto Anterior: Trégua no mercado: Acordo da reforma ajuda na queda do dólar
Próximo Texto: Empresa responde ao governo que quer fusão
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.