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São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2003

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FINANCIAMENTOS

Queda é de 65%

Empréstimos do BNDES caem no governo Lula

DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ainda não deslanchou no governo Lula. É o que mostram as aprovações de empréstimos realizadas pela nova gestão do banco, que caíram 65% no primeiro trimestre de 2003 em relação ao mesmo período de 2003.
Os financiamentos passaram de R$ 10,625 bilhões nos primeiros três meses de 2002 para R$ 3,760 bilhões de janeiro a março deste ano.
Esse é o principal termômetro da atividade do banco, o principal financiador de longo prazo do país. Revela a capacidade que a diretoria -capitaneada pelo presidente do banco, Carlos Lessa- tem de analisar e dar o sinal verde para novos empréstimos.
Em parte, segundo especialistas ouvidos pela Folha e que preferem não se identificar, a relativa paralisia é motivada por problemas com a inadimplência da empresa norte-americana AES e por uma grande reestruturação interna. Quase todos os superintendentes do banco foram trocados. Boa parte dos gerentes foi transferida de área, o que faz com que a nova administração ainda esteja em fase de adaptação.
A AES, controladora da Eletropaulo, deve ao banco US$ 1,131 bilhão pela compra de ações da distribuidora paulista na época da privatização e tem parcelas do débito em atraso. O caso tem consumido muito tempo em negociações e ainda não há um consenso. O BNDES deu prazo até o fim deste mês para a companhia regularizar a situação.
Outro motivo apontado por especialistas para a queda é a demanda menor por novos financiamentos. As consultas, que refletem o volume de pedidos de empréstimos, recuaram 57% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2002. Somaram R$ 5,608 bilhões -R$ 13,127 bilhões até março de 2002.
Com menos empresários querendo tomar empréstimos, o banco tem menos possibilidades de aprovar novas linhas de financiamento. Segundo especialistas, é também um reflexo da redução do nível de atividade econômica no começo deste ano.

Desembolsos
O BNDES emprestou menos nos três primeiros meses deste ano. O volume total de liberações de recursos ficou em R$ 5,4 bilhões. A cifra é 14% menor do que a do primeiro trimestre de 2002, quando os desembolsos haviam sido de R$ 6 bilhões.
O motivo da redução, segundo o BNDES, é um corte no volume de empréstimos destinados ao Programa Emergencial de Energia, cujo objetivo é compensar as distribuidoras pelas perdas com o racionamento. O programa teve uma concentração maior no ano passado, quando o país estava saindo do racionamento.
Nessa linha, foram liberados R$ 654 milhões no primeiro trimestre deste ano, contra R$ 1,1 bilhão de janeiro a março de 2002.
Para micro e pequenas empresas, houve aumento de 6%. Os financiamentos atingiram R$ 1,62 bilhão no trimestre. Na área social, os desembolsos aumentaram 8%, para R$ 231 milhões. Cresceu também o total de empréstimos destinados ao fomento das exportações. A alta foi de 30% -de R$ 1,29 bilhão para R$ 1,68 bilhão.


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