DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Os governadores peronistas estão promovendo um processo de isolamento do presidente Eduardo Duhalde que deverá dificultar ainda mais a situação argentina. Para liberar os empréstimos pedidos pelo governo, o FMI exige, entre outras medidas, a negociação das dívidas por parte das Províncias.
Na semana passada, iniciaram-se movimentos francamente oposicionistas dos governadores que comandam setores importantes no Legislativo argentino.
Mesmo pertencendo ao mesmo partido de Duhalde (o Justicialista), o objetivo dos governadores peronistas é se descolar do presidente e de suas dificuldades.
O ex-presidente peronista Adolfo Rodríguez Saá, que permaneceu poucos dias no governo após a renúncia de Fernando de la Rúa (UCR), deixa claro que o interior (leia-se os governadores) está descontente.
""Hoje, todo o interior se ajoelha diante do poder portenho (de Buenos Aires). Raúl Alfonsín (ex-presidente e atualmente senador da UCR) e Eduardo Duhalde formaram um novo pacto de Olivos (acordo firmado entre Alfonsín e o também ex-presidente peronista Carlos Menem, adversário de Saá no PJ), que não é outra coisa senão um acordo para sustentar a corrupção estrutural da Argentina. Além disso, querem dominar o país", disse Saá.
Outro reflexo da ação de isolamento de Duhalde dentro do seu próprio partido é a determinação de Hugo Moyano, presidente da CGT dissidente, de realizar protestos, algo que tem sido impedido apenas pelas chuvas no país.
No final do ano passado, quando Saá abdicou do governo da Província de San Luis para assumir sua efêmera administração, Moyano o recebeu na CGT e, de braços dados com ele, cantou o hino do peronismo.
A atuação dos governadores lembra situações vividas repetidas vezes desde o início da história argentina: a disputa entre Buenos Aires e o interior.
O governador de Córdoba, José Manuel de la Sota, um dos prováveis candidatos presidenciais do peronismo nas eleições de 2003, tem sido um forte adversário de Duhalde e defende a antecipação do pleito. (LG)


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