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CONJUNTURA
Armínio Fraga diz que, além da demanda, outras variáveis serão analisadas pelo Copom na próxima semana
Só economia fraca não corta juros, diz BC
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O Copom (Comitê de Política
Monetária) não levará em conta
somente o desempenho da atividade econômica (ou a demanda
dos consumidores) para definir
na semana que vem se reduz ou
não os juros básicos da economia,
atualmente em 18,5% ao ano.
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, que comanda
também o Copom, disse que outras variáveis serão levadas em
contas pelos diretores do BC na
reunião do comitê.
"Vamos examinar não só a demanda, mas o conjunto de fatores
que pode influenciar a trajetória
futura da inflação e, a partir daí,
tomar a decisão [sobre os juros].
A demanda é um elemento e é assim que deve ser interpretada",
disse, em entrevista durante seminário sobre os três anos do sistema de metas de inflação, promovido pelo BC.
Segundo ele, a economia demonstra desaquecimento. "Diria
que ela [a atividade econômica"
vinha numa trajetória de recuperação e agora dá sinais de arrefecimento. O que virá daqui para a
frente é difícil prever. Vivemos
num momento de certa tensão, e
os últimos dias deram sinais positivos nos indicadores financeiros,
mas é muito cedo para prever. É
um fenômeno conjuntural, e isso
eu falo com confiança, não é estrutural."
Para Fraga, o que tem causado
incertezas ao mercado, ou "medo", é o processo eleitoral, e não
problemas estruturais da economia. "O estrutural nosso caminha
na direção certa: mais eficiência,
mais equilíbrio fiscal, inflação sob
controle. Essas variáveis fundamentais têm apresentado uma
trajetória favorável."
"Talvez o medo seja em relação
ao futuro desse conjunto de variáveis", afirmou. "Isso é o que impacta o presente. Tenho uma visão positiva do que virá, porque é
do interesse de qualquer que seja
o futuro governante do país construir as bases para crescer e respeitar essa equação."
Em sua opinião, o debate político (das propostas dos candidatos)
pode dissipar as incertezas. "Um
ambiente de incerteza com relação ao futuro que, a meu ver, será
resolvido pelo debate, com discussão serena que ponha em primeiro plano os interesses do país", ressaltou.
Metas de inflação
Para Fraga, o próximo governo
deve manter o sistema de metas
de inflação. "Não vejo outro sistema, com toda a franqueza. Se não
anunciar [metas de inflação",
acho que a sociedade não vai aceitar. Seria um passo atrás na questão de transparência, de credibilidade, de compromisso. Acho que
é do interesse de quem estiver
aqui daqui a três, cinco ou dez
anos preservar esse tipo de transparência [de atuação do BC"."
A meta de inflação para este ano
é de 3,5%, com variação de dois
pontos percentuais para cima ou
para baixo. Na ata da última reunião do Copom, o BC admitiu que
a inflação poderia ficar entre 4,5%
e 5%. Para 2003, a meta de inflação foi fixada em 3,25% e mantida
a variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
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