São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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CONJUNTURA

Armínio Fraga diz que, além da demanda, outras variáveis serão analisadas pelo Copom na próxima semana

Só economia fraca não corta juros, diz BC

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O Copom (Comitê de Política Monetária) não levará em conta somente o desempenho da atividade econômica (ou a demanda dos consumidores) para definir na semana que vem se reduz ou não os juros básicos da economia, atualmente em 18,5% ao ano.
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que comanda também o Copom, disse que outras variáveis serão levadas em contas pelos diretores do BC na reunião do comitê.
"Vamos examinar não só a demanda, mas o conjunto de fatores que pode influenciar a trajetória futura da inflação e, a partir daí, tomar a decisão [sobre os juros]. A demanda é um elemento e é assim que deve ser interpretada", disse, em entrevista durante seminário sobre os três anos do sistema de metas de inflação, promovido pelo BC.
Segundo ele, a economia demonstra desaquecimento. "Diria que ela [a atividade econômica" vinha numa trajetória de recuperação e agora dá sinais de arrefecimento. O que virá daqui para a frente é difícil prever. Vivemos num momento de certa tensão, e os últimos dias deram sinais positivos nos indicadores financeiros, mas é muito cedo para prever. É um fenômeno conjuntural, e isso eu falo com confiança, não é estrutural."
Para Fraga, o que tem causado incertezas ao mercado, ou "medo", é o processo eleitoral, e não problemas estruturais da economia. "O estrutural nosso caminha na direção certa: mais eficiência, mais equilíbrio fiscal, inflação sob controle. Essas variáveis fundamentais têm apresentado uma trajetória favorável."
"Talvez o medo seja em relação ao futuro desse conjunto de variáveis", afirmou. "Isso é o que impacta o presente. Tenho uma visão positiva do que virá, porque é do interesse de qualquer que seja o futuro governante do país construir as bases para crescer e respeitar essa equação."
Em sua opinião, o debate político (das propostas dos candidatos) pode dissipar as incertezas. "Um ambiente de incerteza com relação ao futuro que, a meu ver, será resolvido pelo debate, com discussão serena que ponha em primeiro plano os interesses do país", ressaltou.

Metas de inflação
Para Fraga, o próximo governo deve manter o sistema de metas de inflação. "Não vejo outro sistema, com toda a franqueza. Se não anunciar [metas de inflação", acho que a sociedade não vai aceitar. Seria um passo atrás na questão de transparência, de credibilidade, de compromisso. Acho que é do interesse de quem estiver aqui daqui a três, cinco ou dez anos preservar esse tipo de transparência [de atuação do BC"."
A meta de inflação para este ano é de 3,5%, com variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Na ata da última reunião do Copom, o BC admitiu que a inflação poderia ficar entre 4,5% e 5%. Para 2003, a meta de inflação foi fixada em 3,25% e mantida a variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.



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