São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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Governo acredita em corte nos juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do governo e instituições financeiras consultadas pelo Banco Central têm uma expectativa comum para a decisão desta semana do Banco Central: diminuição da taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual.
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais ministros avaliam que há margem de manobra, apesar da recente turbulência econômica internacional, para que o Copom mantenha a diminuição gradualista dos juros. Nos últimos dois meses, o BC promoveu pequenas reduções nos juros -0,25 ponto percentual por vez.
Um auxiliar de Lula diz que, como o mercado já tem a expectativa de queda de 0,25%, ela já estaria absorvida e deve ser implementada. Com isso, o governo ganha tempo para ver quão duradoura e grave é a atual turbulência financeira.
Na semana passada, o presidente disse que o governo não deveria tomar atitude precipitada em face de expectativa de uma crise. Ou seja, uma queda de 0,25 ponto percentual ainda mantém a taxa num patamar alto e não criaria um problema político, como mantê-la em 16% ao ano ou aumentá-la (hipótese hoje para lá de remota).
Mesmo com a instabilidade observada no mercado financeiro nos últimos dias, analistas consultados pelo Banco Central também acreditam que os juros básicos da economia vão sofrer um corte de 0,25 ponto percentual.
Apesar disso, há preocupação com a alta internacional do preço do petróleo e a desvalorização do real. Caso esses movimentos se mantenham, poderia haver pressão sobre a inflação. Segundo a pesquisa feita pelo BC entre cem analistas de mercado, projeta-se que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registre alta de 6,17% neste ano.
A projeção está um pouco acima dos 5,5% fixados pelo governo como meta para este ano, embora esteja dentro da margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Quando considerados apenas os cinco analistas cujas projeções são mais precisas, porém, a estimativa para o IPCA deste ano fica em 6,34%, contra 6,12% da pesquisa da semana passada. A inflação esperada para 2005, segundo esses mesmos analistas, passou de 5,10% para 5,60% -a meta para o ano que vem é de 4,5%, também com margem de 2,5 pontos. Membros do governo a alteração dessa meta para 5,5%.
(KENNEDY ALENCAR E NEY HAYASHI DA CRUZ)

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