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BIOTECNOLOGIA
Entidade diz que engenharia genética pode trazer benefícios
ONU defende uso de transgênicos
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A ONU, por meio da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação),
afirmou em relatório divulgado
ontem que a biotecnologia traz
uma série de benefícios para o
ambiente e a economia. A entidade tradicionalmente sempre teve
uma atitude cautelosa em relação
à liberação de transgênicos.
"Ela [a biotecnologia] pode oferecer aos agricultores materiais livres de doenças, pode desenvolver produtos resistentes a pestes,
reduzindo o uso de produtos químicos que danificam o ambiente e
a saúde humana", diz o relatório.
Segundo a entidade, as técnicas
de engenharia genética em alimentos podem ajudar a alimentar
um excedente populacional de 2
bilhões de pessoas ao longo dos
próximos 30 anos.
O argumento, entretanto, é rebatido pelo Greenpeace. Para a
ONG, a solução para o problema
da fome não é a elevação da quantidade de alimentos produzidos, e
sim a melhor distribuição de renda nos países pobres.
A própria FAO, em outras ocasiões, já havia afirmado que o
atual patamar mundial de produção de alimentos já supera as necessidades globais de consumo.
Mas, no relatório de ontem, o órgão da ONU afirmou: "A biotecnologia pode acelerar programas
convencionais de produção de
alimentos e pode oferecer soluções para casos nos quais os métodos tradicionais falham".
Segundo o órgão, "a eventual
polêmica em torno dos transgênicos não deveria ser uma distração
para o potencial de diversas aplicações da biotecnologia". Mas a
entidade diz que os casos devem
ser estudados individualmente.
Concentração
Para a FAO, a concentração do
acesso a organismos geneticamente modificados num grupo limitado de países (Brasil, Argentina, Canadá, China, África do Sul e
EUA) é o principal problema da
biotecnologia no mundo.
"A biotecnologia representa
uma grande promessa para a agricultura nos países em desenvolvimento, mas, até o momento, apenas agricultores em poucos desses
países estão desfrutando desses
benefícios", diz relatório.
As críticas para o atual cenário
da biotecnologia também recaem
sobre o predomínio do investimento em pesquisas para produtos de destaque comercial, como
soja, canola, algodão e milho.
Na avaliação da entidade, há
uma escassez de programas privados e governamentais voltados
para produtos como mandioca,
batata, arroz e trigo.
Mais: no setor de pesquisa em
novas tecnologias, predominam
investimentos de grandes corporações. As dez maiores empresas
transnacionais do ramo gastam
cerca de US$ 3 bilhões por ano. Os
investimentos públicos de China,
Brasil e Índia em conjunto não ultrapassam US$ 500 milhões.
A Monsanto, uma das principais empresas de biotecnologia,
enfatiza que tem projetos voltados para alguns dos produtos
apontados pela FAO. A assessoria
da empresa no Brasil disse que na
África há o desenvolvimento de
batata doce transgênica.
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