São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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BIOTECNOLOGIA

Entidade diz que engenharia genética pode trazer benefícios

ONU defende uso de transgênicos

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A ONU, por meio da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), afirmou em relatório divulgado ontem que a biotecnologia traz uma série de benefícios para o ambiente e a economia. A entidade tradicionalmente sempre teve uma atitude cautelosa em relação à liberação de transgênicos.
"Ela [a biotecnologia] pode oferecer aos agricultores materiais livres de doenças, pode desenvolver produtos resistentes a pestes, reduzindo o uso de produtos químicos que danificam o ambiente e a saúde humana", diz o relatório.
Segundo a entidade, as técnicas de engenharia genética em alimentos podem ajudar a alimentar um excedente populacional de 2 bilhões de pessoas ao longo dos próximos 30 anos.
O argumento, entretanto, é rebatido pelo Greenpeace. Para a ONG, a solução para o problema da fome não é a elevação da quantidade de alimentos produzidos, e sim a melhor distribuição de renda nos países pobres.
A própria FAO, em outras ocasiões, já havia afirmado que o atual patamar mundial de produção de alimentos já supera as necessidades globais de consumo. Mas, no relatório de ontem, o órgão da ONU afirmou: "A biotecnologia pode acelerar programas convencionais de produção de alimentos e pode oferecer soluções para casos nos quais os métodos tradicionais falham".
Segundo o órgão, "a eventual polêmica em torno dos transgênicos não deveria ser uma distração para o potencial de diversas aplicações da biotecnologia". Mas a entidade diz que os casos devem ser estudados individualmente.

Concentração
Para a FAO, a concentração do acesso a organismos geneticamente modificados num grupo limitado de países (Brasil, Argentina, Canadá, China, África do Sul e EUA) é o principal problema da biotecnologia no mundo.
"A biotecnologia representa uma grande promessa para a agricultura nos países em desenvolvimento, mas, até o momento, apenas agricultores em poucos desses países estão desfrutando desses benefícios", diz relatório.
As críticas para o atual cenário da biotecnologia também recaem sobre o predomínio do investimento em pesquisas para produtos de destaque comercial, como soja, canola, algodão e milho.
Na avaliação da entidade, há uma escassez de programas privados e governamentais voltados para produtos como mandioca, batata, arroz e trigo.
Mais: no setor de pesquisa em novas tecnologias, predominam investimentos de grandes corporações. As dez maiores empresas transnacionais do ramo gastam cerca de US$ 3 bilhões por ano. Os investimentos públicos de China, Brasil e Índia em conjunto não ultrapassam US$ 500 milhões.
A Monsanto, uma das principais empresas de biotecnologia, enfatiza que tem projetos voltados para alguns dos produtos apontados pela FAO. A assessoria da empresa no Brasil disse que na África há o desenvolvimento de batata doce transgênica.


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