|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Desoneração "esquece" setores empregadores
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O pacote do governo de redução de tributos para alguns setores deixou de fora importantes ramos industriais com forte
impacto no emprego.
São eles: eletroeletrônico e
equipamentos de comunicação, informática, vestuário e
calçados, mostra levantamento
do IBGE e da consultoria LCA
feito a pedido da Folha.
Um dos mais afetados pela
crise foi o setor de material eletrônico e de comunicações
(TV, som, celulares etc.), cuja
produção caiu 38,1% de outubro de 2008 a março deste ano
(último dado disponível). Trata-se de uma retração maior do
que a de veículos automotores
-28,6%-, que teve o IPI zerado para alguns modelos.
Sem nenhuma desoneração
fiscal ainda, o setor viu o contingente de trabalhadores cair
6,6% de outubro a março, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) compilados pela
LCA que incluem também os
ramos de informática e equipamentos elétricos -as classificações do IBGE e do Caged são
diferentes. O peso do setor no
emprego industrial é de 5%, segundo o IBGE.
Parte do setor está na Zona
Franca de Manaus e conta com
isenção de IPI na linha de TV e
som, mas o presidente da Eletros (Associação Nacional de
Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Lourival Kiçula, diz que prepara um pleito ao
governo para a reduzir o imposto para os eletroportáteis
(ventiladores, liquidificadores
e outros). Para esses produtos,
o IPI vai de 10% a 15%.
Outro ramo afetado é o de
equipamentos de informática.
A produção caiu 19,9% de outubro a março. Por conta da Lei
de Informática, o segmento
tem IPI menor (de 2% a 4%),
mas não teve desoneração total
como veículos e alguns itens da
linha branca, como fogões.
O economista Fábio Romão,
da LCA, diz que o governo
"acertou" em ajudar a indústria
automobilística, que teve a
maior retração no emprego
formal entre os setores -8,2%
de outubro a março. Mas outros ramos, diz, também tiveram fraco desempenho e não
foram beneficiados.
Incluído no setor de máquinas e equipamentos, o segmento de linha branca, ressalta,
também foi mal tanto no emprego (-6,4% de outubro a março) como na produção (-37,4%)
e recebeu ajuda.
Necessidade de estímulo
"Outros setores que geram
emprego também precisam de
estímulo", diz Romão.
Entre eles, está o de vestuário, responsável por 7,8% do
emprego industrial -mais do
que os 7,6% da indústria automobilística. Sua produção recuou 12,7% de outubro a março.
O contingente de trabalhadores, por sua vez, cedeu 2%.
O setor não recolhe IPI, mas
se queixa do alto peso da folha
de pagamento -até 40% do
custo de produção-, da pesada
tributação de PIS/Cofins e da
invasão de produtos chineses.
Os mesmos problemas são
elencados pelo setor de calçados. A produção caiu 16,5% de
outubro a março. O total de trabalhadores, 4,8% -acima da
média da indústria de transformação em igual período (2,8%).
"Existem as dificuldades de
caixa do governo, mas o ideal é
que o perfil das desonerações
fosse mais generalizado. Atingisse mais setores", diz Rogério
César Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
O Ministério da Fazenda
afirmou que analisa vários pleitos setoriais para desoneração
de tributos, mas não dá detalhes sobre esses estudos até que
estejam concluídos.
Texto Anterior: Empresa reduz ganho para manter vendas Próximo Texto: Crédito e folha de pagamento preocupam Índice
|