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Ex-ministro propõe agenda para Brasil virar líder mundial
Energia, tecnologia da informação e biotecnologia oferecem mais oportunidades, afirma Reis Velloso
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil tem potencial para
sair da crise como líder mundial em competitividade nas
áreas de energia, tecnologia da
informação e biotecnologia, diz
o economista João Paulo dos
Reis Velloso, ministro do Planejamento entre 1969 e 1979,
nos governos Médici e Geisel.
A forma como o país deve se
mobilizar para não desperdiçar
a chance será o tema do 21º Fórum Nacional, organizado pelo
Inae (Instituto Nacional de Altos Estudos), dirigido por Reis
Velloso, que será realizado de
hoje a quinta-feira na sede do
BNDES, no Rio.
"Criamos uma agenda com
ações imediatas, para reduzir
os efeitos da crise, e estratégicas, para o país mudar o modelo
de desenvolvimento", afirma.
A agenda foi criada pelo Inae
com 50 executivos de grandes
empresas -como Roger Agnel-
li, presidente da Vale, e José
Sergio Gabrielli, da Petrobras.
Para evitar que as ações
caiam no vazio, Reis Velloso
prevê a criação de uma aliança
entre governo e empresários,
para delinear propostas, e de
um grupo executivo, com a iniciativa privada, para traçar metas e cobrar ações do governo.
Entre as ações imediatas, são
defendidas a ampliação do crédito para sustentar o consumo
-e gerar renda- e o corte dos
gastos correntes do governo.
Para que o país emerja como
potência, a agenda aponta para
a construção de uma indústria
integrada em volta do pré-sal,
com fábricas de máquinas e
serviços de infraestrutura. Isso
criaria ambiente para o desenvolvimento de tecnologias.
Aliado ao desenvolvimento
do pré-sal, a aceleração da
construção de hidrelétricas e o
contínuo desenvolvimento de
bioenergia -em que o álcool é o
maior expoente- tornariam o
país uma potência energética.
Modificar os embarques
Outro foco é a mudança das
exportações. Hoje, mais da metade delas é composta por bens
de baixo valor agregado.
"Precisamos identificar os
bens de valor agregado que produzimos melhor", diz.
O Inae vê no país a chance de
se firmar como polo de tecnologia da informação e de comunicação, atrás dos EUA e da Índia.
O país teria uma indústria, mão
de obra e qualificação. A ideia é
disputar mercado com a Índia.
Reis Velloso avalia que o país
deve dar mais foco à inovação e
ao conhecimento e que aproveite a característica "criativa e
inovadora" do empresário brasileiro. É o que o Inae chama de
"economia criativa".
"Investimentos respondem
por 50% do crescimento dos
países. O resto vem desses fatores", diz Velloso.
A cúpula também pede a
criação de incentivos para o setor privado investir em transportes e saneamento.
O documento que reúne as
ações foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
em fevereiro. "O estudo foi encaminhado para o Luciano
Coutinho [presidente do
BNDES], que ficou de estudar e
propor ações para que o plano
caminhe", diz Reis Velloso.
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