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FINANÇAS
Senado altera data a pedido dos bancos e a contragosto do governo
Conta-investimento fica para outubro
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido dos bancos, mas a
contragosto do governo, o Congresso alterou a data para a conta-investimento entrar em vigor.
Aprovada na Câmara e no Senado, a conta-investimento passa a
valer somente a partir de 1º de outubro, enquanto a data inicialmente prevista era 1º de agosto.
Segundo a Folha apurou, o secretário do Tesouro Nacional,
Joaquim Levy, chegou a se empenhar pessoalmente para que fosse
mantida a data original. A conta-investimento permitirá que os
aplicadores troquem de fundos
de investimento sem precisar pagar a CPMF.
Em maio, o relator do projeto
na Câmara, Roberto Magalhães
(PTB-PE), manteve agosto como
o mês para a conta-investimento
passar a vigorar. Assim o texto foi
aprovado na Câmara.
Quando o projeto foi para o Senado, contudo, o relator na Casa,
Rodolpho Tourinho (PFL-BA),
resolveu acatar parcialmente o
pedido dos bancos. Segundo ele,
por intermédio da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), as
instituições financeiras pediram
que a data fosse postergada para
1º de novembro.
Tourinho disse que, em acordo
com o vice-líder do governo no
Senado Romero Jucá (PMDB-RR), decidiu mudar a data para
outubro. Segundo Tourinho, na
ocasião, o líder do governo na Casa, Aloizio Mercadante (PT-SP),
estava internado para uma operação de vesícula. Por isso o acordo
teria sido feito com Jucá.
Tourinho disse à Folha que teve
várias reuniões com os representantes da Febraban, inclusive com
a participação de executivos do
Banco do Brasil e da CEF (Caixa
Econômica Federal).
"O argumento deles foi que, tecnicamente, seria muito complicado para todos os grandes bancos
conseguirem preparar seus sistemas até agosto", disse Tourinho.
Ontem, o diretor de Normas do
BC, Sérgio Darcy, confirmou que
a mudança na data foi feita no Senado a pedido da Febraban.
Como o Senado alterou o texto,
o projeto teve de voltar para a Câmara. Na última terça, o deputado
Roberto Magalhães, depois de
conversar com o secretário do Tesouro, havia concordado em mudar mais uma vez o projeto, para
reintroduzir a data original.
O argumento do secretário
Levy, confirmado à Folha, foi que
o atraso na vigência da conta prejudicaria a rolagem dos títulos públicos. O raciocínio de Levy é que
os gestores de fundos (grandes
compradores dos papéis) já estariam se preparando para operar
com a conta-investimento.
Espera-se que, com a conta-investimento, os investidores troquem mais vezes de fundos, pois
não terão a barreira da CPMF. Assim, os gestores terão de manter
nos caixas dos fundos mais recursos livres, para cobrir os saques
dos cotistas. Levy teme que os
gestores atrasem a compra de títulos públicos enquanto a conta-investimento não entra em vigor.
Ao saber que a data seria alterada para agosto, Tourinho e Jucá
cobraram do governo o acordo
feito no Senado. Magalhães voltou atrás e manteve 1º de outubro
como a data, aprovada novamente na Câmara anteontem.
A Febraban confirmou que pediu o adiamento da data.
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