|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEMENTES DA DISCÓRDIA
Europa já comprou alguns carregamentos do produto
Soja vetada pela China será
oferecida para outros países
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os cinco navios brasileiros que
foram proibidos de desembarcar
o carregamento de soja na China
buscam outros mercados para
vender o produto. Eles não voltarão para o Brasil, de acordo com o
presidente da Anec (Associação
Nacional dos Exportadores de
Cereais), Sergio Mendes.
"Se um navio retornar, o risco
Brasil vai para as cucuias", disse
Mendes, ao se referir ao impacto
negativo que a recusa definitiva
de uma carga teria na imagem da
soja brasileira.
Pelas regras chinesas, os carregamentos dos navios não podem
conter nenhuma semente tratada
com fungicida para serem autorizados a descarregar no país. As regras brasileiras, editadas na semana passada, autorizam a venda de
carregamentos que tenham até
uma semente tratada por quilo de
grão ou cujas análises laboratoriais indiquem que a contaminação está abaixo dos limites máximo permitidos por padrões internacionais.
Segundo o presidente da Abiove
(Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais), Carlo Lovatelli, alguns dos carregamentos
rejeitados pela China estão indo
para a Europa. "Conseguimos renegociar e a Europa não é um
mercado permissivo", disse Lovatelli. Também há negociações
com as Filipinas.
Para ele, o fato de a Europa aceitar a soja demonstra que os motivos da China para recusar o produto brasileiro não são técnicos.
Lovatelli afirmou que as informações sobre o nível de contaminação de um dos navios recusados
pelos chineses revelam que estava
bem abaixo dos limites máximos
aceitáveis internacionalmente.
"Tudo indica que os limites estão bem abaixo dos que são internacionalmente aceitos", disse Lovatelli, após reunião com o secretário de Defesa Agropecuária,
Maçao Tadano, ontem.
Segundo ele, os motivos da China não são técnicos. Para o presidente da Abiove, a motivação da
China é a "sua conveniência político e comercial".
Embargo
O governo brasileiro, oficialmente, ainda trata o embargo chinês como algo estritamente técnico. "Nós somos uma missão técnica", disse Tadano. Ele embarca
hoje para a China, com o objetivo
de convencer os chineses a flexibilizarem as atuais exigências impostas aos carregamentos do Brasil nas últimas semanas.
São três os objetivos da missão
de Tadano à China: suspender a
proibição de exportar soja do Brasil imposta a 23 empresas; convencer os chineses a aceitarem o
padrão brasileiro e propor à China fazer inspeções prévias do embarques, para evitar recusas, após
os navios zarparem do Brasil. Outro idéia aventada por Tadano é
realizar uma auditoria internacional nas certificadores que atuam
no Brasil, para garantir a qualidade do serviço.
Texto Anterior: Luís Nassif: A China e a soja Próximo Texto: Para Furlan, recusa pode ser "oportunismo" Índice
|