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Adição de mandioca piora a qualidade da farinha, afirma indústria do trigo
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao dar sustentação à produção de mandioca, em geral nas
mãos de pequenos produtores,
a obrigatoriedade da mistura
de amido à farinha de trigo prejudica os produtores do cereal,
alguns também pequenos.
A avaliação é de Luiz Martins, do sindicato paulista da indústria de trigo. Com a mistura,
a indústria necessitará de produto de melhor qualidade, para
não perder o padrão da farinha.
Com isso, o trigo gaúcho e
parte do paranaense, mais fracos, não vão ter demanda, reduzindo-se uma cultura tradicional do período de inverno.
O consumo é de 10 milhões
de toneladas, e a mistura substituirá o equivalente a quase toda a safra gaúcha -1,3 milhão.
O último censo agropecuário
do IBGE indica que a maior
concentração de produção de
mandioca e de trigo ocorre em
propriedades do mesmo tamanho: de 20 a 50 hectares.
No caso da mandioca, 22% da
produção sai de propriedades
desse tamanho; no do trigo,
20%. Mas o censo indica que
65% da produção de mandioca
vem de áreas de 2 a 50 hectares,
e 69% da de trigo, de áreas de
20 a 500 hectares.
Se a mistura de mandioca reduz gastos com importações de
trigo, gera outros, como a compra de glúten, necessário para
dar consistência à farinha.
O país também importará
mais farinha pronta. Hoje,
5,4% da farinha consumida
vem de fora. Com a obrigatoriedade, o percentual chegará a
20%, avalia Lawrence Pih. Os
custos de importação subiriam
US$ 400 milhões por ano.
Já o analista de commodities
José Pitoli estranha a obrigatoriedade da adição, mas diz que
os moinhos, pagando R$ 18 por
saca de trigo como pagaram recentemente, não vão estimular
uma produção maior e com
mais qualidade de produto no
país.
(FCZ e MZ)
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