São Paulo, domingo, 18 de junho de 2006

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Adição de mandioca piora a qualidade da farinha, afirma indústria do trigo

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao dar sustentação à produção de mandioca, em geral nas mãos de pequenos produtores, a obrigatoriedade da mistura de amido à farinha de trigo prejudica os produtores do cereal, alguns também pequenos.
A avaliação é de Luiz Martins, do sindicato paulista da indústria de trigo. Com a mistura, a indústria necessitará de produto de melhor qualidade, para não perder o padrão da farinha.
Com isso, o trigo gaúcho e parte do paranaense, mais fracos, não vão ter demanda, reduzindo-se uma cultura tradicional do período de inverno.
O consumo é de 10 milhões de toneladas, e a mistura substituirá o equivalente a quase toda a safra gaúcha -1,3 milhão.
O último censo agropecuário do IBGE indica que a maior concentração de produção de mandioca e de trigo ocorre em propriedades do mesmo tamanho: de 20 a 50 hectares.
No caso da mandioca, 22% da produção sai de propriedades desse tamanho; no do trigo, 20%. Mas o censo indica que 65% da produção de mandioca vem de áreas de 2 a 50 hectares, e 69% da de trigo, de áreas de 20 a 500 hectares.
Se a mistura de mandioca reduz gastos com importações de trigo, gera outros, como a compra de glúten, necessário para dar consistência à farinha.
O país também importará mais farinha pronta. Hoje, 5,4% da farinha consumida vem de fora. Com a obrigatoriedade, o percentual chegará a 20%, avalia Lawrence Pih. Os custos de importação subiriam US$ 400 milhões por ano.
Já o analista de commodities José Pitoli estranha a obrigatoriedade da adição, mas diz que os moinhos, pagando R$ 18 por saca de trigo como pagaram recentemente, não vão estimular uma produção maior e com mais qualidade de produto no país. (FCZ e MZ)


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