São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2000


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"Juro menor impulsiona economia já"

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O corte de 1,5 ponto percentual nos juros promovido pelo Banco Central nas últimas semanas deverá dar um pequeno alento ao crescimento da economia ainda neste ano, e não apenas em 2001, como acreditava boa parte dos analistas econômicos.
Mas o impulso não será suficiente para afastar de vez o risco de o crescimento ficar abaixo dos 4% esperados pela equipe econômica no início do ano.
"O crescimento vai aumentar um pouco, mas nada de encher os olhos", disse o diretor de Política Econômica do Banco Central, Sérgio Werlang.
Nas condições atuais, o governo acha que o crescimento da economia vai ficar em torno de 4% -o que significa que há igual probabilidade de a taxa de expansão ficar abaixo ou acima disso.
No começo do ano, esse percentual era considerado um piso para o crescimento. As perspectivas pioraram porque, para combater a crise internacional, o governo foi obrigado a manter os juros mais altos que o planejado no primeiro semestre.
Há três semanas, o BC retomou a trajetória de queda dos juros (que caíram de 18,5% para 17% anuais), mas poucos acreditavam em efeitos positivos sobre o crescimento ainda neste ano.
Werlang esclarece que a atividade econômica começa a sentir os efeitos positivos dos juros menores entre três e seis meses depois de ocorrer a queda da taxa. "Haverá algum crescimento no último trimestre do ano."
Segundo ele, o impacto da queda dos juros é mais rápido no crescimento econômico do que na inflação. A queda de juros só terá influência na inflação do ano que vem, pois a defasagem leva entre seis e nove meses.
Na avaliação do BC, ainda há espaço para o país crescer tranquilamente, sem desencadear riscos inflacionários, até o segundo semestre de 2001, quando deve ser atingida a capacidade instalada da economia.
Hoje, apenas os setores exportadores de bens de capital e de bens duráveis estão no limite. "Esses setores são exceções. O que há de generalizado é um excesso de capacidade instalada na economia", afirmou.
A partir do meio do ano que vem, o crescimento econômico vai depender de investimentos para ampliar a capacidade produtiva e dos ganhos de produtividade gerados pelas chamadas reformas microeconômicas, como a queda dos juros bancários, a nova Lei das S/As, que está tramitando no Congresso, e a reforma tributária.
Werlang disse que hoje já se vêem sinais da retomada do investimento, o que significa aumento da capacidade produtiva. A estimativa do BC é que no primeiro trimestre deste ano os recursos aplicados tenham chegado a 19,3% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país), contra 18,5% no trimestre anterior. Os indicadores parciais do segundo trimestre também são favoráveis.
O diretor do BC acredita que esses investimentos e as reformas microeconômicas permitam que o país cresça a taxas entre 5% e 6% anuais a partir de 2002, sem causar pressões inflacionárias.
Se nada sair como o planejado, a expansão ficaria entre 3,5% e 4%. "Não seria nenhuma tragédia, mas esse é um crescimento pequeno para um país que precisa dar um ganho geral de renda para a população", concluiu Werlang.


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