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"Juro menor impulsiona economia já"
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corte de 1,5 ponto percentual
nos juros promovido pelo Banco
Central nas últimas semanas deverá dar um pequeno alento ao
crescimento da economia ainda
neste ano, e não apenas em 2001,
como acreditava boa parte dos
analistas econômicos.
Mas o impulso não será suficiente para afastar de vez o risco
de o crescimento ficar abaixo dos
4% esperados pela equipe econômica no início do ano.
"O crescimento vai aumentar
um pouco, mas nada de encher os
olhos", disse o diretor de Política
Econômica do Banco Central,
Sérgio Werlang.
Nas condições atuais, o governo
acha que o crescimento da economia vai ficar em torno de 4% -o
que significa que há igual probabilidade de a taxa de expansão ficar abaixo ou acima disso.
No começo do ano, esse percentual era considerado um piso para
o crescimento. As perspectivas
pioraram porque, para combater
a crise internacional, o governo
foi obrigado a manter os juros
mais altos que o planejado no primeiro semestre.
Há três semanas, o BC retomou
a trajetória de queda dos juros
(que caíram de 18,5% para 17%
anuais), mas poucos acreditavam
em efeitos positivos sobre o crescimento ainda neste ano.
Werlang esclarece que a atividade econômica começa a sentir os
efeitos positivos dos juros menores entre três e seis meses depois
de ocorrer a queda da taxa. "Haverá algum crescimento no último trimestre do ano."
Segundo ele, o impacto da queda dos juros é mais rápido no
crescimento econômico do que
na inflação. A queda de juros só
terá influência na inflação do ano
que vem, pois a defasagem leva
entre seis e nove meses.
Na avaliação do BC, ainda há espaço para o país crescer tranquilamente, sem desencadear riscos
inflacionários, até o segundo semestre de 2001, quando deve ser
atingida a capacidade instalada da
economia.
Hoje, apenas os setores exportadores de bens de capital e de bens
duráveis estão no limite. "Esses
setores são exceções. O que há de
generalizado é um excesso de capacidade instalada na economia",
afirmou.
A partir do meio do ano que
vem, o crescimento econômico
vai depender de investimentos
para ampliar a capacidade produtiva e dos ganhos de produtividade gerados pelas chamadas reformas microeconômicas, como a
queda dos juros bancários, a nova
Lei das S/As, que está tramitando
no Congresso, e a reforma tributária.
Werlang disse que hoje já se
vêem sinais da retomada do investimento, o que significa aumento da capacidade produtiva.
A estimativa do BC é que no primeiro trimestre deste ano os recursos aplicados tenham chegado
a 19,3% do PIB (Produto Interno
Bruto, soma das riquezas produzidas no país), contra 18,5% no
trimestre anterior. Os indicadores
parciais do segundo trimestre
também são favoráveis.
O diretor do BC acredita que esses investimentos e as reformas
microeconômicas permitam que
o país cresça a taxas entre 5% e 6%
anuais a partir de 2002, sem causar pressões inflacionárias.
Se nada sair como o planejado, a
expansão ficaria entre 3,5% e 4%.
"Não seria nenhuma tragédia,
mas esse é um crescimento pequeno para um país que precisa
dar um ganho geral de renda para
a população", concluiu Werlang.
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