|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESPETÁCULO EM PLANEJAMENTO
Investimento tem sido baixo, diz Lisboa
Para crescer, governo discute
investir em infra-estrutura
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva retomou ontem as discussões com sua equipe sobre os
investimentos do governo para os
próximos anos.
Durante mais de quatro horas,
Lula ouviu de assessores relato sobre os programas que estão em
andamento e as previsões do que
deverá ser feito até 2007.
Após a reunião, o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
afirmou que o processo de retomada do crescimento "não se resolve da noite para o dia" e que é
"preciso ter consciência de que
saímos de um processo de crise
fiscal muito grande".
Palocci disse que outros países
que passaram pela mesma situação tiveram queda de 10% e até
20% no PIB (Produto Interno
Bruto) e que, apesar da melhora
nas contas do país, a economia
brasileira não está crescendo muito porque o país está saindo de
uma crise.
Segundo Palocci, haverá reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) em que o governo
deve definir detalhes para que os
bancos possam oferecer linhas de
crédito para microempresários e
pequenos poupadores. No mês
passado, o governo definiu que os
bancos devem destinar 2% dos
seus depósitos à vista (na conta
corrente) para empréstimos à população de baixa renda.
Na reunião, com participação
do vice-presidente, José Alencar,
de 12 ministros e dos presidentes
dos principais bancos federais,
além dos três maiores fundos de
pensão patrocinados por estatais,
foram apresentadas as prioridades dos ministros que têm programas voltados para a área de infra-estrutura e o que deverá ser
incluído no PPA (Programa Plurianual) para o período 2004/
2007, que será enviado ao Congresso Nacional em agosto.
Nova reunião para discutir o
Programa Plurianual deverá
acontecer daqui a 15 dias.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, apresentaria um estudo
com os principais projetos que o
setor público deve financiar na
área de infra-estrutura.
São cerca de cem obras com investimentos de R$ 400 bilhões,
conforme a Folha já havia informado no último dia 15. Já há
obras definidas com investimentos da ordem de R$ 280 bilhões
(leia texto nesta página).
Participaram da reunião no Palácio do Planalto, entre outros, os
ministros Antonio Palocci Filho
(Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria Geral
da Presidência), Luiz Gushiken
(Comunicação de Governo), Dilma Rousseff (Minas e Energia),
Guido Mantega (Planejamento),
Ciro Gomes (Integração Nacional) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).
Aumento dos investimentos
À tarde, ao divulgar um documento do Ministério da Fazenda,
o secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, afirmou que o
crescimento econômico sustentado depende do aumento substancial dos investimentos. Segundo
ele, o país terá até o final do ano
apenas a retomada no nível de atividade econômica.
"Crescimento de longo prazo é
um processo mais lento. Mexe
com toda a discussão que o governo tem tido sobre a retomada de
investimentos de infra-estrutura
e, dada a restrição fiscal, sobre novas formas de parceria entre o setor público e o privado", afirmou.
Segundo Lisboa, há duas décadas o nível de investimentos no
Brasil é baixo -cerca de 20% do
PIB (total de riquezas produzidas
pelo país)- perto da necessidade
de expansão da economia. "O
crescimento sustentável requer a
mudança de patamar da taxa de
investimento para 24% do PIB",
disse ele.
O secretário acha que até o final
do mandato de Lula será possível
alcançar esse índice, que é verificado nas economias emergentes
que conseguem taxas de crescimento substanciais.
Lisboa fez questão de diferenciar crescimento econômico de
recuperação da atividade econômica. "Recuperação de consumo
e recomposição de estoques você
recupera. Crescimento é outra
coisa, é mais que isso, é expandir a
capacidade de oferta da economia", afirmou.
Texto Anterior: Luís Nassif: O irracionalismo científico Próximo Texto: BNDES apresenta projeto a Lula Índice
|