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POLÍTICA REGIONAL
Alto funcionário do governo americano cobra papel mais ativo do país e da Argentina nas negociações
Brasil quer "balcanizar" a Alca, dizem EUA
DA REDAÇÃO
O governo norte-americano
considera que a proposta brasileira para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), de encaminhar as negociações em "três
trilhos" diferentes, representaria
uma "balcanização" do acordo.
Ainda segundo os EUA, o Brasil e
a Argentina têm atravancado as
conversas a respeito da liberalização comercial no continente.
Os comentários são de um alto
funcionário do Departamento de
Comércio dos EUA, que deu as
declarações durante uma teleconferência com repórteres. É prática
comum nos EUA que autoridades
concedam entrevistas "off the records" (ou seja, com a condição
de que não sejam identificadas),
para explicitar a posição norte-americana em relação a temas polêmicos e que estejam em debate.
A autoridade norte-americana
utilizou o verbo "balkanize", que,
em inglês, significa dividir uma
região em vários territórios, muitas vezes hostis entre si. O termo
surgiu em associação aos Balcãs,
onde vários Estados surgiram
após o ocaso da Iugoslávia.
De acordo com a visão dos Estados Unidos, enquanto outros países têm apresentado ofertas de liberalização em áreas-chave como
concorrências públicas e serviços,
o Brasil e a Argentina ainda oferecem grande resistência. "As conversas continuam", disse o funcionário, mas ressalvou que "obviamente seria muito melhor se o
Brasil e a Argentina tivessem uma
atuação mais ativa".
Pela proposta brasileira, elaborada pelo Ministério das Relações
Exteriores, as negociações seguiriam em "três trilhos ou vias".
A primeira via cuidaria das negociações diretas entre os países,
abrindo possibilidade para acordos bilaterais. Nela estariam temas como a liberalização do comércio agrícola e de bens industriais, sem entrar em questões
mais espinhosas, tipo salvaguardas e subsídios.
A Rodada Doha sobre tarifas da
OMC (Organização Mundial do
Comércio), prevista para chegar
ao fim no ano que vem, constituiria o segundo trilho. A ela caberiam tópicos mais polêmicos, como subsídios agrícolas, leis antidumping, acesso ao mercado de
serviços de concorrências e propriedade intelectual.
O trilho final seria a Alca propriamente dita, ou "Alca light",
reduzida, como classificou o Itamaraty. Nessa via estariam temas
ligados mais diretamente ao arcabouço do acordo, em que se definiriam regras de concorrência,
cooperação econômica, políticas
de desenvolvimento e outros assuntos institucionais.
A proposta brasileira contava
com o apoio dos parceiros no
Mercosul. Mas os demais 30 países do bloco a rejeitaram, durante
reunião em El Salvador, no fim de
semana passado.
Outro lado
Para o Itamaraty, o processo de
fragmentação das negociações foi
resultado da estratégia americana
de apresentar quatro propostas
diferenciadas para quatro diferentes regiões da América. A menos generosa coube ao Mercosul.
O próprio ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim,
justificou em diversas ocasiões a
estratégia do Mercosul de negociar de maneira bilateral como
resposta à posição dos EUA.
O Brasil também insiste em reduzir o número de temas que serão negociados na Alca como resposta à intransigência dos americanos em só negociar temas como
subsídios agrícolas e regras de antidumping na OMC.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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