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Grupo discute manual para biocombustível
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao redor da mesma mesa
virtual, representantes governamentais -como Holanda e Suíça-, do setor privado -por exemplo Shell e
Toyota-, das universidades
e das ONGs. Tudo isso para
no máximo até meados de
2008 um manual do biocombustível sustentável internacional ficar pronto.
"A minuta do documento
está acertada. A intenção é
abordar toda a cadeia de produção dos biocombustíveis,
incluindo os aspectos ambientais, sociais, econômicos
e também políticos", disse à
Folha o ambientalista Roberto Smeraldi.
Ele, representando o Brasil, é um dos 20 membros do
seleto grupo que vem se reunindo há alguns meses por
meio de teleconferência para
a montar a cartilha.
Ildo Sauer, diretor da Gás e
Energia da Petrobras, é o outro brasileiro que também
participa dos encontros.
"Nós acreditamos que esse
documento, como está sendo
negociado por vários atores,
de diversos países, terá um
peso importante. Ele deverá
servir como um balizador do
comércio dos biocombustíveis", disse Smeraldi.
De acordo com o relato feito pelo representante brasileiro, a mensagem que tem
saído das reuniões é bem clara. "Toda a cadeia precisa ser
analisada. Qual é o impacto
ambiental? E o social? Determinado produtor, por
exemplo, usa trabalho escravo? Não contamina nada?"
Todos os princípios básicos do texto que voltará a ser
discutido nas próximas reuniões, segundo Smeraldi, estão definidos. "Essa unanimidade chegou a ser surpreendente", diz.
De forma resumida, os parâmetros essenciais do texto
já discutido estão agrupados
em quatro conjuntos.
Todo o biocombustível comercializado, portanto, vai
precisar respeitar as leis nacionais (terras ilegais, por
exemplo, são vistas como um
problema), a baixa emissão
de gases-estufa, os impactos
ambientais locais (poluição
da ar, da água e do solo) e os
impactos sociais (transferência de recursos para as
comunidades rurais precisa
ser uma realidade).
A partir dos princípios, os
critérios e os indicadores
dentro dos grupos serão então desenvolvidos, segundo
Smeraldi. "Esse detalhamento será feito pelos especialistas. Haverá formas claras de
medir se os princípios estão
ou não sendo respeitados.
Essa é a nossa intenção".
Um dos exemplos já prontos é o caso do uso sustentável da água. Dentro desse
princípio entram os critérios
da contaminação e do desperdício. Uso de pesticidas e
produtos químicos em geral,
de forma indiscriminada, é
um dos critérios que será
usado para certificar, ou não,
a sustentabilidade hídrica da
produção do combustível.
"Todas essas regras precisam ter uma validade mundial", lembra Smeraldi.
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