São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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EM TRANSE

Estimativa anterior falava em expansão de pelo menos 2%; previsão de inflação em 2003 sobe de 4% para 5%

PIB crescerá só 1,5% neste ano, diz governo

VIVALDO DE SOUSA
COORDENADOR DE ECONOMIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deverá ser de apenas 1,5% neste ano, conforme nova previsão do governo. A estimativa é inferior ao crescimento de pelo menos 2% com o qual a equipe econômica vinha trabalhando havia alguns meses.
A nova previsão, que consta no cenário elaborado nas discussões do último acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), deverá ser divulgada pelo governo nos próximos dias. Para 2003, o crescimento do PIB previsto é de 3,5%. Essa estimativa para o primeiro ano do próximo governo está abaixo dos 4% de crescimento econômico incluído na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Como já há essa previsão na LDO, o governo terá de propor uma correção da lei já aprovada. Isso deverá ser feito no final de agosto, quando a proposta de Orçamento para o próximo ano for enviada ao Congresso. Na proposta orçamentária, o governo vai informar que elevou de 4% para 5% a estimativa de inflação medida pelo IGP-DI para 2003. A meta de inflação do Banco Central, medida pelo IPCA, continua em 4%, com variação de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Se confirmado, o crescimento econômico esperado para este ano é exatamente igual ao registrado em 2001 pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Seria superior apenas ao crescimento do PIB em 1998 (0,2%) e 1999 (0,8%) durante o governo FHC. No começo do ano, o governo esperava crescimento de 2,5% em 2002.
O agravamento da crise nos EUA e na Argentina e a indefinição do programa econômico do próximo presidente -que contribuiu para elevar a cotação do dólar- são apontados pelo governo como motivos para a mudança no crescimento do PIB. Esse crescimento de 1,5% é bem inferior ao que querem os quatro principais candidatos a ocupar a cadeira de FHC. Esses presidenciáveis, que amanhã terão uma reunião com FHC, querem crescimento do PIB entre 4,5% e 7%.
O tucano José Serra fala em crescimento médio de 4,5% no período de 2003 a 2006. Já o petista Luiz Inácio Lula da Silva defende um crescimento de 5%. Ciro Gomes prevê um crescimento de pelo menos 5%. Mais ambicioso, Anthony Garotinho fala em crescimento de 5% a 7%.
O Orçamento para 2003, que deverá ser aprovado pelo Congresso até dezembro, deverá prever ainda um reajuste médio de 2% a 2,5% para todos os servidores públicos federais. Neste ano, o reajuste foi de 3,5%. Com esse aumento, os gastos com pessoal deverão ficar entre R$ 77 bilhões e R$ 78 bilhões.
Se o Ministério do Planejamento, responsável pela elaboração da proposta de Orçamento, tivesse atendido todos os pedidos de abertura de concurso para contratação de servidores públicos em 2003, os gastos com pessoal poderiam atingir R$ 80 bilhões.
Preocupados em conter gastos para garantir o cumprimento da meta de superávit de 3,75% do PIB em 2003, a equipe econômica barrou alguns pedidos dos ministérios. Além disso, avisou nesta semana que o limite de gasto informado há 15 dias teria de ser reduzido em R$ 2 bilhões.
Nas simulações feitas até a sexta-feira, a arrecadação da Receita Federal em 2003 deverá ficar próxima de R$ 240 bilhões -cerca de R$ 20 bilhões acima da receita prevista para este ano.
A equipe econômica também deverá definir nos próximos dias se vai incluir no Orçamento de 2003 a prorrogação da alíquota do Imposto de Renda de 27,5% para quem ganha mais de R$ 2.115.


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