São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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Governo terá R$ 95 bi para comprar papéis

DO COORDENADOR DE
ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


O governo dispõe de pelo menos R$ 95 bilhões até o final do ano para resgatar títulos da dívida pública. Os recursos serão usados para enfrentar as turbulências. Mas o secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, disse que não espera usá-los.
Entre janeiro e julho, o Tesouro Nacional resgatou R$ 24,8 bilhões em títulos públicos. Mas, a partir de agora, Guardia avalia que a situação irá melhorar.
Além do novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e da decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de convidar os principais presidenciáveis para uma conversa, outro fator importante, segundo o secretário, foi a mudança nas regras de marcação dos títulos públicos para os fundos de pensão.
Na última quinta-feira, o Banco Central adotou medidas para conter a fuga de aplicações dos fundos de investimento e corrigir os preços dos títulos públicos no mercado, que se depreciaram muito nas últimas semanas.
A principal delas foi permitir que os títulos com vencimento em menos de um ano possam ser registrados pelo seu valor de aquisição, o que diminui a volatilidade (variação do preço) dos papéis.
Guardia disse que, com essa medida, a fuga de recursos dos fundos deve acabar, e os fundos devem voltar a comprar títulos no vencimento dos papéis que têm atualmente.
No final do mês passado, a dívida mobiliária (em títulos) do governo ficou próxima de R$ 670 bilhões, considerada "administrável" por Guardia. Ele disse que os recursos do Tesouro para resgate de dívida aumentaram de R$ 53 bilhões para R$ 70 bilhões nos últimos dois meses. Até dezembro, esses recursos receberão reforço de mais R$ 25 bilhões. Com isso, devem chegar a R$ 95 bilhões.
Chamados de "colchão de liquidez" pelos técnicos, esses recursos foram obtidos mensalmente por meio dos superávits primários (receita menos despesa, exceto os gastos com juros) e pelo pagamento de empréstimos concedidos pelo Tesouro. Os R$ 25 bilhões virão dessas fontes de receita nos próximos meses
Além desses recursos, FHC autorizou na sexta o Tesouro Nacional a utilizar parte dos recursos em caixa para resgatar títulos do governo. São R$ 10 bilhões, dos quais até R$ 6,5 bilhões poderão ser emprestados ao BNDES e o restante usado para compra de papéis do governo.
Esses recursos representam a disponibilidade do caixa do Tesouro em 31 de dezembro de 2001, descontadas a parcela de restos a pagar e os valores com vinculação constitucional e da área social. (VIVALDO DE SOUSA E FLÁVIA SANCHES)

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