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Petrobras e Repsol rompem contrato de gás na Bolívia
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras anunciou ontem
o rompimento do contrato que
mantinha desde 2002 com a
Andina, petroleira boliviana
controlada pela espanhola
Repsol. Com o objetivo de reduzir a volatilidade dos preços,
o acordo estabelecia um piso e
um teto para o custo do produto. A Andina é uma das fornecedoras de gás para a petrolífera
brasileira.
O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz Rada, chegou a acusar Petrobras e
Repsol de "fraude" e "contrabando" por terem fechado o
contrato em 2002 sem o conhecimento do governo boliviano.
O diretor da área de Gás e
Energia da Petrobras, Ildo
Sauer, disse o que contrato era
transparente. "Era um contrato entre duas companhias privadas e totalmente transparente", afirmou ele, evitando comentar as declarações das autoridades bolivianas.
Pelos termos do acordo, se o
preço ficasse abaixo do piso, a
Petrobras pagaria a diferença à
Repsol. Se o valor subisse acima
do fixado no contrato, a companhia espanhola arcaria com o
custo.
O contrato com a Repsol não
tem relação com o acordo de
fornecimento da Petrobras
com a estatal boliviana YPFB,
cujos preços, a pedido do governo Evo Morales, atualmente
estão em negociação.
Executivos da estatal brasileira vinham evitando polemizar a questão da Bolívia. Mas
ontem a Petrobras rebateu, em
nota, as acusações de Soliz Rada de que a companhia estaria
retardando o início das auditorias nos campos de gás. Informou atuar sempre de "maneira
pró-ativa e flexível" para equacionar a crise.
A Petrobras afirma que as negociações sobre o futuro da
produção de gás e a questão das
duas refinarias de sua propriedade da estatal nacionalizadas
pela Bolívia foram "interrompidas unilateralmente" pelo
governo do país andino.
As auditorias servirão de base para estabelecer os critérios
de nacionalização -o imposto
definitivo a ser cobrado e a participação das companhias nos
empreendimentos, limitada a
49%.
Prejuízo
Ao romper o contrato com a
Repsol, a Petrobras contabilizará em seu balanço do terceiro
trimestre um prejuízo de
US$ 76,7 milhões em créditos
que devia à companhia espanhola, já que o preço do gás se
mantinha acima do estabelecido no contrato.
A Repsol, por sua vez, terá de
pagar uma multa no valor de
US$ 41,3 milhões pela rescisão
do contrato.
Segundo Sauer, o preço estava há muito tempo acima do teto previsto no acordo, o que gerava prejuízo para a Andina
(controlada da Repsol). A iniciativa de romper o contrato
partiu da empresa espanhola.
O executivo afirmou ainda
que o cenário mudou desde
2002, quando o país importava
9 milhões de metros cúbicos
diários e precisava de preços
estáveis para desenvolver o
mercado de gás natural no país.
Hoje, a importação é de 24 milhões de metros cúbicos.
Em nota, a Petrobras informou que o fim do contrato foi
"decidido depois das mudanças
regulatórias na Bolívia" -que
nacionalizou as reservas de gás
e elevou os elevou os tributos
de 50% para 82%.
"A Petrobras avaliava os possíveis efeitos econômicos e legais dessas mudanças. A Petrobras e a Andina passaram a ter
diferentes interpretações relacionadas à aplicação do contrato e decidiram pelo seu encerramento", diz a nota.
Desde junho, a Petrobras e a
YPFB tentam chegar a um
acordo sobre o preço do gás. Na
semana passada, o prazo de negociação foi estendido por 60
dias. O governo de La Paz já
manifestou o desejo de elevar o
preço a US$ 8 por milhão de
BTU (medida de geração de calor). Autoridades bolivianas
disseram que, caso não haja
acordo, o caso deverá ser levado
para arbitragem internacional.
Considerando o reajuste de
10% de julho, os preços passaram para US$ 3,77 e US$ 4,63
por milhão de BTU, de acordo
com o volume importado.
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